Título: Protesto em Boa Vista pede ação do Exército
Autor: Quadros, Vasconcelo
Fonte: Jornal do Brasil, 10/05/2008, País, p. A4

Deputado do DEM lidera carreata contra os federais.

Brasília

Manifestantes a favor dos arrozeiros fizeram uma carreata, ontem, no centro de Boa Vista, para protestar contra a operação da Polícia Federal em Roraima e pedir a intervenção do Exército para garantir a ordem e evitar a expulsão dos não-índio da Reserva Raposa/Serra do Sol. Liderados pelo deputado Márcio Junqueira (DEM-RR), os manifestantes concentraram-se no fim da tarde no setor militar, para entregar, ao comandante da Brigada do Exército em Boa Vista, general Eliezer Monteiro, abaixo-assinado com cerca de oito mil adesões. O manifesto critica a homologação da reserva e termina com um pedido para que as Forças Armadas assumam o controle da segurança na região. Entre os manifestantes estavam representantes dos produtores, funcionários de empresas que dependem da atividades dos arrozeiros e índios que são contra a reserva em área contínua.

Novo golpe

Preso em Brasília, o principal opositor do governo, Paulo César Quatiero, prefeito de Pacaraima, sofreu ontem um novo golpe. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) encontrou indícios de crimes ambientais em uma de suas propriedades, a Fazenda Depósito, aplicou contra o produtor uma multa de R$ 30,6 milhões e interditou a área para plantio e criação de gado e porcos. O produtor é acusado de desmatamento ilegal, destruição de reservas, exploração de áreas não autorizadas e de impedir a regeneração de área degradadas.

A ação do Ibama está dentro da ofensiva patrocinada pelo governo para minar a resistências dos arrozeiros e evitar novos confrontos, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) decida manter o decreto que homologa a reserva em área contínua. O primeiro ato foi a prisão de Quartiero que, recluso em Brasília, reduz as mobilizações em Roraima. Ontem chegaram à região mais 50 integrantes da Força Nacional de Segurança. O efetivo federal em Roraima agora chega a 350 homens, 200 deles da Polícia Federal e 150 da Força Nacional.

Enquanto não é anunciada a decisão do STF, a missão da polícia é garantir a ordem pública dentro da Reserva Raposa/Serra do Sol. O delegado Fernando Segóvia, que coordena as ações da Polícia Federal, disse que embora não tenha ordem judicial para entrar em propriedades rurais, a operação de desarmamento vai continuar em toda a reserva, com bloqueios nas estradas e revistas em automóveis e motoristas. Quem estiver com arma sem autorização de porte, será preso.

A polícia também tem mantido contato com líderes indígenas para evitar que manifestantes acampados em estradas próximas às fazendas entrem em confronto com funcionários dos arrozeiros. O efetivo policial deverá permanecer na região pelos próximos 60 dias ou até que não haja mais riscos de conflitos depois que o STF decidir que formato terá a reserva.