O Globo, n.32.301, 13/01/2022. Economia, p. 13

Reajuste de plano de saúde deve ser de 15%, diz BTG
Rennan Setti


Se for confirmada, será a maior correção para contrato individual já autorizada pela ANS

Depois do inédito reajuste negativo anunciado no ano passado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deve permitir uma alta recorde na correção dos planos individuais este ano, prevê o BTG Pactual em relatório.

Pelas contas dos analistas do banco, o regulador vai estipular em 15% o próximo reajuste máximo permitido. (O número oficial deve ser anunciado no meio do ano.) Para prever o percentual, o relatório levou em consideração os dados da ANS já divulgados (até o terceiro trimestre) e outros fatores levados em conta na metodologia de cálculo, como o aumento das despesas médicas, a inflação e os ganhos de eficiência do setor.

“O reajuste negativo de 2021 refletiu uma utilização anormalmente baixa (dos planos) em 2020, quando muitos procedimentos eletivos foram adiados na primeira onda de Covid-19 no Brasil. Por outro lado, como as despesas médicas dispararam em 2021, enquanto a base de vidas nos planos de saúdes individuais encolheu, esperamos um forte aumento de preço para o ciclo de 2022”, concluíram os analistas do BTG.

Diferentemente dos planos coletivos, os planos individuais — um terço do mercado — têm seus preços regulados pela ANS. O próximo reajuste anunciado pela agência deve ser aplicado entre maio de 2022 e abril de 2023, sempre no mês de aniversário da contratação do plano.

MENSALIDADE MENOR EM 2021

Segundo o relatório, as despesas médicas geradas por beneficiários de planos de saúde individuais — ajustadas pela variação no número de segurados — saltaram 21% nos nove primeiros meses de 2021, na comparação com igual período de 2020.

Se confirmado, o reajuste de 15% será o maior já autorizado pela ANS. Até então, o recorde havia sido de 13,57%, registrado em 2016.

No ano passado, o reajuste autorizado foi negativo, de - 8,19%. A queda no valor da mensalidade foi autorizada pela ANS diante da redução de 82% para 74% no uso de serviços pelos usuários, de consultas a cirurgias, no ano passado. As operadoras tentaram evitar o reajuste negativo, afirmando que o aumento deveria ser alto este ano com o aumento dos custos médicos.