Correio Braziliense, n. 22590, 23/01/2025. Política, p. 4

Facilidade a ‘post’ de ódio e supremacista
Gabriella Braz


Reportagem da agência de checagem Aos Fatos aponta que o novo manual da Meta — dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp — pode permitir discursos de ataque contra minorias, com frases como “eu odeio mulheres” ou, até mesmo, afirmações supremacistas, do tipo “brancos são melhores do que negros”. A big tech anunciou suas novas diretrizes em 7 de janeiro prevendo a redução da moderação e o fim da checagem de conteúdo.

Segundo a agência, o primeiro ponto a ser destacado entre as mudanças da Meta é a substituição do termo “discurso de ódio” por “conduta de ódio”. A diferença entre um e outro é que o discurso refere-se às manifestações preconceituosas, enquanto que a conduta é uma ação criminosa que pode ser estimulada pelos discursos.

Ao anunciar as mudanças, a big tech afirmou que as regras anteriores eram muito severas e restringiam debates que considerava importantes. “As plataformas da Meta são construídas para serem lugares em que as pessoas podem se expressar livremente. Isso pode ser um pouco caótico. Em plataformas nas quais bilhões de pessoas podem ter voz, tudo o que é bom, ruim e feio está exposto.

Mas isso é a livre expressão”, salientou.

Nas novas diretrizes, a Meta retirou uma série de expressões que não poderiam ser utilizadas contra as chamadas “características protegidas” — são elas raça, etnia, nacionalidade, deficiência, afiliação religiosa, casta, orientação sexual, sexo, identidade de gênero e doença grave.

Assim, frases como “eu odeio” ou “eu desprezo” não estão mais vetadas.

A nova versão das diretrizes, segundo a agência Aos Fatos, também passa a permitir discursos de superioridade — como “homens são superiores a mulheres” ou “brancos são superiores a negros”. Permite, ainda, “alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade”.

As diretrizes permitem, ainda, conteúdos que pregam a exclusão e a segregação de classes.

Na parte referente a esses conteúdos, a Meta criou exceções que permitem defender “limitações de gênero em empregos militares, policiais e de ensino” e “com base na orientação sexual, quando o conteúdo é baseado em crenças religiosas”.

As novas orientações da Meta alegam que “não é certo que coisas possam ser ditas na tevê ou no plenário do Congresso, mas não em nossas plataformas”. Segundo a empresa, as novas regras favorecem a liberdade de expressão e o livre debate.

Procurada, a Meta respondeu com um link no qual explica as mudanças, intitulado “Mais expressão e menos erros”.

Falso vídeo de Haddad é retirado

O TikTok removeu um vídeo manipulado por inteligência artificial (IA) que simulava o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fazendo declarações falsas sobre “taxação de pobres” e “impostos do cachorrinho de estimação”.

A plataforma retirou o conteúdo na última terça-feira, menos de 24 horas depois da notificação da Advocacia-Geral da União (AGU) — segundo a qual o vídeo incorre em desinformação, ao ser produzido com IA, mostra fato não condizente com a realidade e busca confundir a população. A fala de Haddad foi adulterada pela tecnologia de deepfake, que sobrepõe a voz e os movimentos dos lábios via inteligência artificial.