Correio Braziliense, n. 22590, 23/01/2025. Política, p. 3

Léo Índio é denunciado pela PGR
Júlia Portela



Sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ontem, por suspeita de participação nos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Em publicações nas redes sociais, na data dos atos extremistas, Léo Índio aparece em cima de uma cúpula do Congresso Nacional e próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF), local com circulação proibida para o público.

Léo Índio é acusado de associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

A PGR também requer que ele pague uma multa para reparação dos danos, com valor a ser fixado.

Agora, cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar ou rejeitar a denúncia. Caso seja aceita, Leo Índio se tornará réu, alvo de uma ação penal.

“(Léo Índio) destruiu e concorreu para a destruição, inutilização e deterioração de patrimônio da União, ao avançar contra a sede do Congresso Nacional, fazendoo com violência à pessoa e grave ameaça, emprego de substância inflamável e gerando prejuízo considerável para a União”, diz o documento.

“Prova suficiente”

A denúncia foi assinada no último dia 15 pelo procuradorgeral da República, Paulo Gonet, que viu participação ativa de Léo Índio no “planejamento, incitação e execução” do 8 de Janeiro. Segundo o PGR, o primo dos Bolsonaro manteve contato frequente com outros acusados de golpe de Estado, “incitou publicamente, de forma reiterada”, a prática de atos antidemocráticos e participou dos atos violentos na Praça dos Três Poderes.

“Há prova suficiente de que o denunciado, aderindo subjetivamente as ações delitivas praticadas por terceiros, em circunstâncias nas quais tinha conhecimento da finalidade dos atos praticados, participou como incitador e executor dos atos antidemocráticos, compareceu aos atos de insurgência ocorridos no Congresso Nacional e concorreu dolosamente para a prática das condutas criminosas pelo grupo expressivo de executores dos atos de 8.1.2023”, escreveu o PGR na peça.

Na sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, instou a defesa de Léo Índio a se manifestar sobre a acusação.