Correio Braziliense, n. 22592, 25/01/2025. Política, p. 2
Prévia da inflação tem alta de 0,11%, puxada por comida e bebida
Fernada Strickland
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA15), considerado a prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,11% em janeiro de 2025, conforme divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa uma desaceleração em relação à taxa de 0,34%, de dezembro de 2024, mas está acima do esperado pelo mercado, que previa deflação.
O resultado é uma combinação de altas expressivas em grupos como Alimentação e bebidas (1,06%) e Transportes (1,01%), e uma queda significativa no grupo Habitação (-3,43%), que ajudou a conter o índice geral. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,50%, abaixo dos 4,71% registrados no período imediatamente anterior.
Entre os principais grupos de consumo pesquisados, Alimentação e bebidas lideraram o impacto, com alta de 1,06% e contribuição de 0,23 ponto percentual (p.p.) para o índice geral.
O destaque negativo foi o tomate, que subiu expressivos 17,12%, seguido pelo café moído, com aumento de 7,07%. Por outro lado, itens como a batata-inglesa (-14,16%) e o leite longa vida (-2,81%) ajudaram a conter o avanço.
A alimentação fora do domicílio também teve desaceleração, registrando variação de 0,93% em janeiro, menor que os 1,23% de dezembro.
O grupo Transportes foi o segundo maior impacto, com aumento de 1,01% e contribuição de 0,21 p.p. Já passagens aéreas lideraram pressão individual no mês, com alta de 10,25%, equivalente a 0,08 p.p. no índice geral.
Por sua vez, os combustíveis registraram aumento médio de 0,67%, puxados pelo etanol (1,56%), pelo óleo diesel (1,10%) e pela gasolina (0,53%).
Embora o grupo Habitação tenha registrado queda significativa de —3,43%, impactando o índice geral em — 0,52 p.p., aliviando parcialmente o custo de vida, os aumentos em itens essenciais, como alimentos e transporte, continuam pesando no bolso do consumidor.
Desafios
Nos últimos 12 meses, o IPCA15 acumula alta de 4,50%, ligeiramente abaixo dos 4,71% registrados no período anterior e ainda dentro do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central. No entanto, especialistas alertam para as pressões inflacionárias persistentes.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, avalia que “a alta do IPCA-15 ficou acima das expectativas do mercado, evidenciando pressões inflacionárias ainda presentes. Isso pode levar o Copom a adotar uma postura mais rigorosa, elevando a taxa Selic em até 1 ponto percentual na próxima reunião”.
Volnei Eyng, CEO da Multiplike, ressalta a importância de medidas estruturais para conter a alta dos preços: “Com o governo fiscalmente limitado, o alívio nos preços de alimentos exige soluções que vão além de renúncias tributárias.
Melhorar a logística e estimular a concorrência na distribuição podem ser caminhos para reduzir custos”.
CEO do Grupo Studio, Carlos Braga Monteiro destaca o impacto do índice no cenário econômico. “Embora o IPCA-15 de janeiro traga algum alívio em relação ao mês anterior, a inflação ainda permanece acima da meta e reforça a possibilidade de um aumento na Selic. Isso encarece o crédito e pode dificultar a recuperação econômica”, disse.