Título: Começa a espera pela ata
Autor: SILVIA ARAÚJO
Fonte: Jornal do Brasil, 17/02/2005, Economia, p. A18

O breve comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), após a decisão de elevar a Selic, aguça a curiosidade do mercado. Desta vez, os diretores do Banco Central resumiram a decisão em ''dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa de juros básica iniciado na reunião de setembro de 2004, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 18,75% ao ano, sem viés''. Sem pistas para o futuro da política monetária, nos próximos dias analistas e investidores estarão tentando adivinhar se esse aumento fecha ou não o ciclo de ajustes.

Enquanto aguarda a divulgação da ata da reunião de ontem, o mercado de renda fixa inicia os negócios se ajustando a nova taxa básica. Como essa nova rodada, o juro básico da economia já subiu 2,75 pontos percentuais de setembro a fevereiro.

A intenção do BC em promover a convergência das expectativas de inflação para os 5,1% estimados para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano tem efeito desfavorável sobre o custo de carregamento da dívida pública e, no limite, pode pressionar a inflação.

Com o ajuste de ontem, a parcela da dívida pública indexada a Selic - R$ 491 bilhões -, sobe proporcionalmente. Segundo dados do Banco Central, a dívida pública mobiliária totalizava R$ 826,6 bilhões em janeiro. Por outro lado, o governo comemora a redução da exposição cambial. Em janeiro, a parcela do endividamento em poder do público corrigida pela variação cambial era de apenas 4,58%.

Outra preocupação que começa a fazer parte do cotidiano do mercado e, segundo operadores, do BC, é a expansão da base monetária, em razão as aquisições de dólar que o BC tem feito quase diariamente para recomposição de reservas internacionais.