O Estado de S. Paulo, n. 47931, 09/01/2025. Política, p. A9
Bolsonaro pede devolução do passaporte ao STF para ir à posse de Trump
Juliano Galisi
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ter recebido um convite para acompanhar a posse de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos que reassumirá o cargo que ocupou entre 2017 e 2020 no próximo dia 20. O ex-chefe do Executivo, porém, está com o passaporte retido desde 8 de fevereiro de 2024, quando foi alvo da Operação Tempus Veritatis, ofensiva da Polícia Federal que investiga suspeita de tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022.
Em uma publicação no X (antigo Twitter), ontem, Bolsonaro agradeceu a ajuda de seu filho “03”, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelo “excelente trabalho nesta relação com a família do presidente Donald Trump”, e afirmou que, para comparecer à posse, pediu a devolução do passaporte ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Meu advogado, dr. Paulo Bueno, já encaminhou para o ministro Alexandre de Moraes pedido para eu reaver meu passaporte e assim poder atender a este honroso e importante evento histórico”, escreveu Bolsonaro no X.
Em outras ocasiões similares, a Corte negou pedidos feitos pela defesa do ex-presidente. Em março do ano passado, Bolsonaro solicitou a devolução de seu passaporte a Moraes, relator do inquérito do golpe, afirmando que havia sido convidado pelo primeiroministro israelense, Binyamin Netanyahu, para visitar o país em maio. O pedido foi negado pelo ministro do STF. Em recurso julgado pela Primeira Turma da Corte, em outubro,
MEDIDA CAUTELAR. Bolsonaro foi indiciado pela PF ao fim das investigações sobre uma trama golpista após o último pleito presidencial. De acordo com o relatório da PF, o ex-presidente, enquanto ocupava o Palácio do Planalto, “planejou, atuou e teve o domínio” de uma tentativa de reversão do resultado das urnas em 2022.
À época da Operação Tempus Veritatis, da PF, Bolsonaro não foi alvo de buscas, mas foi obrigado a entregar o passaporte a os investigadores. A apreensão do documento é uma medida cautelar para evitar que o ex-presidente fuja do País durante o andamento da instrução criminal. Bolsonaro já afirmou, em entrevistas, que se sente “perseguido” pela Justiça e que não descarta o refúgio em uma embaixada.
Quatro dias depois da operação, o ex-presidente, já com o passaporte retido, passou pelo menos duas noites na embaixada da Hungria, como revelou reportagem do jornal The New York Times. •
“Meu advogado, dr. Paulo Bueno, já encaminhou para o ministro Alexandre de Moraes pedido para eu reaver meu passaporte e assim poder atender a este honroso e importante evento histórico”
Jair Bolsonaro
Ex-presidente da República