Correio Braziliense, n. 22598, 31/01/2025. Brasil, p. 6

Marina: é hora de sobriedade
Vitória Torres


Ao lançar, ontem, o Anuário Estadual de Mudanças Climáticas, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) deixou claro que a COP 30 terá de fechar com um rol de ações concretas para a redução dos efeitos das mudanças climáticas. Ela definiu o evento de Belém, em novembro, como a “COP da implementação” e que não pode ser tratado como “uma Copa do Mundo ou Olimpíada”.

Para ela, não há mais espaço para discursos, pois o momento é de sobriedade e realismo diante da crise climática que já é realidade.

“O que aconteceu em relação à Amazônia não foi em área desmatada, foi em floresta primária. Isso acende todas as luzes. Por isso, esta é a COP da implementação. Uma COP não é Copa do Mundo, não é Olimpíada. Ainda mais no contexto em que estamos vivendo. Esta é a COP da sobriedade”, salientou.

Estados

Mas, para o Brasil chegar à COP numa posição em que possa cobrar comprometimento dos demais participantes com as propostas de mitigação às mudanças no meio ambiente, é necessário que o dever de casa seja feito. E segundo o Anuário, isso está longe de acontecer, pois 15 unidades da Federação não possuem planos de adaptação climática. Segundo o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, a transição para uma economia verde deve ser responsabilidade dos três níveis de governo.

“Precisamos motivar todos os estados para terem um programa de mudanças climáticas. Não é só o governo federal que tem a obrigação de alcançar essas metas. Temos tarefas também”, cobrou. Segundo o Anuário, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso são protagonistas da transição climática. Isso porque têm desenvolvido políticas para descarbonizar suas economias, investindo em energias renováveis e adaptando as infraestruturas contra eventos extremos.