Título: Expectativa por medidas gera otimismo no setor industrial
Autor: Severo, Rivadávia
Fonte: Jornal do Brasil, 12/05/2008, Economia, p. A17

Para a Fiesp, momento é ideal para o governo anunciar as mudanças.

São Paulo

O governo escolheu um bom momento para lançar as medidas da política industrial, segundo José Ricardo Roriz, diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

¿ Estamos muito otimistas com a implementação do plano ¿ afirmou Roriz.

Para o diretor da Fiesp, o governo deve desonerar os investimentos para viabilizar a expansão da produção. Outro ponto importante seria o de elevar a disponibilidade de recursos para pesquisa e desenvolvimento, que tem impacto sobre a competitividade.

Segundo Roriz, o país precisa agregar valor aos seus produtos porque chegará o momento em que as commodities, que estão em alta no mercado internacional, poderão enfrentar uma retração nos preços.

Roriz espera que a política industrial estimule as pequenas e médias empresas a participar do mercado externo e abra oportunidades de acesso a linhas de crédito para este segmento.

A simplificação dos processos de exportação e desoneração da produção são elementos que a Fiesp espera encontrar na política industrial. De acordo com Roriz, o momento é "excelente" para estimular a indústria e o agronegócio.

¿ Temos que crescer para manter a balança comercial positiva ¿ comenta. ¿ Temos que competir no mercado internacional com Índia e China.

Bens de capital

A indústria de bens de capital espera que a nova política industrial ajude o setor a recuperar a competitividade perdida nos últimos anos. Entre as propostas que o setor espera do governo estão a desoneração tributária e melhores condições de financiamento para que as empresas brasileiras do setor possam competir em condições de igualdade com concorrentes de outros países, entre os quais a China.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert, para o setor voltar a ocupar posição mais relevante no mercado internacional o percentual de investimentos deveria atingir entre 25% e 27% do PIB ao ano nos próximos 10 anos.

¿ Na década de 80, ocupávamos a quinta posição no ranking mundial. Hoje, estamos na 14ª ¿ comenta.

Outra proposta é reduzir os prazos nos quais as empresas contabilizam como despesa a depreciação de máquinas e equipamentos novos e diminuir o Imposto de Renda. A Abimaq defende ainda a ampliação dos prazos de financiamento.

Competitividade reforçada

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, ressaltou a importância de reforçar a competitividade da indústria automobilística nas exportações, que pode ser conseguido com medidas tributárias. Para ele, os mecanismos para aumentar os investimentos são positivos para o aumento da produção. E destacou o estímulo à engenharia e ao desenvolvimento do automóvel no Brasil, dentro do incentivo à pesquisa.

Questões tributárias

O vice-presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Base (Abdib), Ralph Lima Terra, ressaltou que mexer na questão tributária é o principal caminho para recuperar competitividade. De acordo com o executivo, na China, os projetos prioritários, como o PAC, têm um custo tributário de 15%. No Brasil, isso chega a, em termo médios, entre 31% e 32%. O executivo afirma ainda que o custo do financiamento para o chineses é zero, enquanto as taxas brasileiras chegam a 11% ao ano.