O Globo, n 32.306, 18/01/2022. Economia, p. 10

OIT: Omicron freia retomada, e Brasil deve ter 14 milhões de desempregados
Fernanda Trisotto


O avanço da Ômicron e as incertezas sobre a evolução da Covid-19 vão frear a retomada do mercado de trabalho e o desemprego deve permanecer acima do nível pré-pandemia até 2023, alerta a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A organização projeta que em 2022 serão cerca de 207 milhões de desempregados — antes da pandemia, em 2019, eram 186 milhões em todo o mundo. No Brasil, a OIT estima em 14 milhões o número de trabalhadores em busca de ocupação este ano. Em 2023, a entidade espera que o número de desempregados recue para 202,7 milhões e para 13,6 milhões no Brasil. No fim do ano passado, segundo o IBGE, havia 13,5 milhões desempregados no país. 

A OIT diz que a retomada econômica respondeu aos diferentes estímulos recebidos em cada país— o robusto pacote fiscal do Brasil é citado como um fator que o diferencia de outros países da região. O avanço da vacinação também foi considerado determinante para a consolidação da recuperação do mercado de trabalho.

Essas diferenças nos efeitos da crise entre diferentes países tendem, no entanto, a aprofundar as desigualdades dentro desses países e entre eles, independentemente do nível de desenvolvimento econômico. Em comum, a entidade aponta para danos mais persistentes na ocupação de mulheres e jovens.

E a retomada pode ficar ainda mais difícil. O Brasil está menos atraente para os investidores. Levantamento da PwC, empresa de consultoria e auditoria, mostra que houve uma redução no interesse de outros países em fazer negócios com o Brasil nos últimos anos. Até 2013, o Brasil sempre figurou entre os três principais mercados estratégicos para os CEOs globais.

Mas, nos últimos anos, o Brasil caiu posições nesse ranking e, este ano, apareceu na décima posição, de acordo com a Pesquisa Anual Global com CEOs da PwC.