Correio Braziliense, n. 22600, 01/02/2025. Economia, p. 7

Reajuste eleva diesel a R$ 3,72 na refinaria


A Petrobras anunciou, ontem, um reajuste de R$ 0,22 por litro para o diesel nas refinarias, onde o litro passa a custar R$ 3,72 a partir de hoje. O combustível estava com o mesmo valor havia 401 dias e acumulava defasagem de 17% em relação aos preços praticados no mercado internacional.

Segundo cálculo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), porém, para se equiparar aos preços internacionais, a companhia deveria fazer um reajuste de R$ 0,59 por litro. A alta, portanto, é insuficiente para zerar a diferença em relação à cotação internacional.

Considerando a mistura obrigatória de 86% de diesel A e 14% de biodiesel para composição do diesel B vendido nos postos, a parcela da Petrobras na composição do preço ao consumidor passará a ser de R$ 3,20 o litro, uma variação de R$ 0,19 a cada litro de diesel B.

“Desde 2023, este é o primeiro ajuste nos preços de venda de diesel A da Petrobras para as distribuidoras. O último reajuste ocorreu em 27 de dezembro de 2023, uma redução. E o último aumento ocorreu em 21 de outubro de 2023”, informou a companhia.

Considerando o reajuste anunciado, a Petrobras reduziu, desde dezembro de 2022, os preços de diesel em R$ 0,77/litro — queda de 17,1%. Segundo a estatal, levando-se em conta a inflação do período, a redução é de R$ 1,20/litro ou 24,5%.

Na quinta-feira, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, anunciou em uma rede social que vai reduzir, em média, o preço do gás natural vendido às distribuidoras em 1% a partir também a partir de hoje, em função das regras de reajustes previstas nos contratos. A estatal vem sendo pressionada por investidores privados a ajustar o preço dos combustíveis, diante da defasagem em relação ao mercado internacional. A companhia, porém, resiste aos ajustes, diante da preocupação do governo com a inflação dos alimentos, que derrubou a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada segunda-feira.

Na conversa com jornalistas, também na quinta-feira, Lula garantiu que não interviria na política de preços da Petrobras. “Desde meu primeiro mandato que aprendi que quem autoriza o aumento do petróleo e derivado de petróleo é a Petrobras, e não o presidente da República. Se a Petrobras tiver que fazer um reajuste, não levando em conta o aumento da inflação de 2023 e 2024, ainda será menor do que dezembro de 2022”, observou.

O governo, porém, teme que o aumento no diesel traga insatisfações entre os caminhoneiros e reduzam os lucros do frete. Sobre isso, Lula disse não estar preocupado e, caso haja manifestações e ameaças de paralisação, o presidente disse que os chamará para conversar.

“Se tiver uma movimentação de caminhoneiros, vou fazer o que fiz a vida inteira: vamos conversar. Vamos conversar com todo e qualquer setor que tiver qualquer problema com o governo”, garantiu.

Papéis em alta

Como reflexo do anúncio do aumento do diesel, os papéis da Petrobras fecharam a sessão de ontem em alta na Bolsa de Valores. As ações ON subiram 0,68%, enquanto as preferenciais tiveram alta de 0,80%, em um dia em que o índice da B3 caiu 0,61%.