Valor Econômico, 07/05/2020, Brasil, p. A5
País tem 6 milhões de casas sem fornecimento diário de água
Bruno Villas Bôas
A lavagem de mãos é uma defesa básica contra o coronavírus, sendo a forma mais eficaz de prevenir sua propagação pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados ontem mostram, porém, que falta de água e a precariedade dos domicílios colocam milhões de pessoas em risco no país.
De acordo com Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o país tinha cerca de 6 milhões de domicílios ligados à rede geral sem disponibilidade diária de água. Esses domicílios equivalem a 11,5% do total de habitações ligados à rede geral de distribuição de água de suas localidades.
O abastecimento de água por rede geral reproduz as desigualdades entre regiões. A região Nordeste (69%) apresentava a menor cobertura diária de abastecimento, enquanto a Sul (97%) tinha a maior, segundo a pesquisa. Em relação a 2018, as regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram avanço na disponibilidade diária.
Em 2019, o país tinha ainda 68,3% dos domicílios com acesso à rede geral de esgotos, pouco melhor que o registrado no ano anterior (66,3%). Novamente, porém, as diferenças são acentuadas entre as regiões. No Norte, 27,4% dos domicílios tinham acesso; no Sudeste, a proporção alcançava 88,9%.
Segundo o IBGE, o percentual de domicílios com coleta de lixo feita diretamente por serviço de limpeza foi de 84,4% em 2019, 2,1 milhões de domicílios a mais do que em 2018. Em 7% dos domicílios a coleta era feita em caçamba de serviço de limpeza, e em 7,4% o lixo era queimado na propriedade.
A pesquisa também detalhou a evolução do número de domicílios com acesso a bens de consumo duráveis seguiu crescendo no ano passado. Dos 72,4 milhões de domicílios existentes no país no ano passado, 98,1% tinham geladeira, resultado ligeiramente acima do medido no ano anterior (98%). Em quase metade (49,2%) dos domicílios havia automóvel, enquanto 22,2% tinham motocicleta.
A presença de máquina de lavar atingiu nível recorde da série iniciada em 2012, com posse em 66,1% dos lares. As diferenças regionais, contudo, são acentuadas: o menor percentual estava no Nordeste (37%) e o maior no Sul (85,8%), segundo o IBGE.