Título: Governo lança plano de incentivo à indústria
Autor: Dantas, Cláudia; Lorenzi, Sabrina
Fonte: Jornal do Brasil, 13/05/2008, Economia, p. A17

Proposta é aumentar, em 3 anos, os investimentos para R$ 620 bilhões.

Recursos de R$ 244 bilhões em crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), bem como compras bilionárias da Petrobras, de R$ 50 bilhões, redução de R$ 21,4 bilhões em impostos, prazo dobrado para pagar empréstimos, juros menores e dezenas de medidas específicas para 24 setores empolgaram os empresários presentes ao lançamento da política industrial do governo Lula. Com duas medidas provisórias, pelo menos cinco decretos presidenciais e muita coordenação do programa, o governo quer que o país invista R$ 620 bilhões e exporte US$ 208 bilhões daqui a três anos.

As medidas visam ampliar o investimentos de 17,6% do PIB para 20,9% do produto até 2010.

¿ Mesmo que não se atinja o percentual estipulado de 21% do PIB, já é um grande avanço conceitual estipular uma meta de investimentos ¿ disse o presidente do Conselho de Administração Gerdau, Jorge Gerdau.

Entre as principais medidas, o aumento de prazo de pagamento da linha de financiamento a máquinas e equipamentos (Finame) foi a medida que mais agradou aos empresários. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, arrancou aplausos da platéia quando disse que as empresas terão 10 anos para quitar empréstimos para este fim. Até então, o prazo era de 5 anos.

O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, lembrou que esta medida pode favorecer também pequenos e médios empresários.

¿ O plano é muito bom e deve trazer resultados. Só tem que haver cuidado para não torná-lo muito complexo ¿ disse.

Isenções

O ministro Guido Mantega destacou que programa como este, batizado de Política de Desenvolvimento Produtivo, não acontece desde a década de 70. Anunciou várias isenções de tributos que, segundo o governo, serão compensadas pelo maior crescimento econômico.

¿ Teremos um efeito multiplicador, não perderemos arrecadação ¿ relatou.

O presidente da Federação da Indústria de São Paulo, Paulo Skaf, disse que "neste momento nós, empresários, temos que ficar felizes". E o ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, autor de importantes medidas que fizeram o país crescer na década de 70, também destacou o que chama de "essência positiva" em três pontos que, na sua avaliação, o governo acertou: apoiar a inovação das empresas, o aumento de exportações e os pequenos empresários.

Entre as ações do BNDES, Luciano Coutinho anunciou a redução dos juros cobrados nas operações de crédito aos empresários, de 1,4% para 1,1%. No caso dos bens de capitais, as empresas pagarão 0,9% em vez dos atuais 1,5% em taxas de spread ao banco. Também terão juro menor, de 6% para 4%, empresas de tecnologia, e recursos não-reembolsáveis para o setor passarão de R$ 100 milhões para R$ 300 milhões ao ano, para estimular empresas a exportar software e outros produtos de inovação tecnológica.

O governo permitiu também que as empresas que já gozam dos benefícios da Lei da Informática e das isenções da Zona Franca de Manaus deduzam pagamento de impostos equivalentes aos investimentos em pesquisa e tecnologia e inovação.

Para incentivar o setor naval, o governo decidiu equiparar preços de combustível entre navios para a cabotagem local e embarcações voltadas para exportações, bem como suspendeu a cobrança de impostos de peças para a construção de navios no Brasil. Mantega anunciou ainda a criação de um fundo garantidor de R$ 400 milhões, ainda tímido perto do valor das encomendas da Petrobras, como lembrou o próprio Lula.

¿ Esse valor é apenas metade do que vale uma plataforma ¿ disse o

presidente.

A indústria siderúrgica, que pode se beneficiar das compras de navios por meio do fornecimento de aço, manifestou agrado com as medidas.

¿ O que estamos vendo aqui é um processo que venho acompanhando desde os primeiros anos de mandato do presidente.

Para as montadoras, o governo decidiu ampliar o prazo de pagamento do IPI de 10 dias para um mês.