O Globo, n 32.308, 20/01/2022. Política, p. 8
Bolsonaro avalia entregar liderança no Senado a aliado de Pacheco.
Jussara Soares
Posto ficaria com Alexandre Silveira, que substituirá Anastasia, aprovado para o TCU
O presidente Jair Bolsonaro avalia entregar a liderança do governo no Senado a Alexandre Silveira (PSDMG), que substituirá o senador Antonio Anastasia (PSDMG), aprovado em dezembro para o Tribunal de Contas da União (TCU). Como Silveira ainda não tomou posse oficialmente como parlamentar, a tendência é que Bolsonaro só bata o martelo em fevereiro, após o fim do recesso no Congresso.
Silveira é ligado ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e atuava como diretor de Assuntos Técnicos e Jurídicos da Presidência do Senado. O futuro senador comanda o PSD em Minas Gerais e já foi deputado federal por duas vezes. Ele também esteve à frente da Secretaria Extraordinária da Gestão Metropolitana em Minas Gerais e da Secretaria de Saúde do governo de Antonio Anastasia.
Apesar dos embates de Bolsonaro com Pacheco pelas derrotas do governo no Senado, Silveira é citado como um ponto de interlocução com o presidente da Casa. Em função disso, o futuro parlamentar conta com o apoio de diversos ministros, entre eles Flávia Arruda (Secretaria de Governo), João Roma (Cidadania), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).
DIÁLOGO COM MINISTROS
A aproximação de Silveira com ministros se deu, sobretudo, na tramitação de projetos importantes para o Executivo como a permissão para a privatização da Eletrobras e a aprovação da BR do Mar, com o objetivo de abrir a navegação costeira entre portos nacionais e reduzir a dependência do transporte rodoviário (cabotagem).
No PSD, a avaliação é que Silveira não aceitará o cargo. O partido tem uma posição de independência no Congresso e tem Rodrigo Pacheco como pré-candidato ao Planalto. Além disso, o novo senador é considerado um importante articulador político na sigla e pessoa de confiança do presidente da legenda, Gilberto Kassab.
Nos bastidores do governo, ainda é mencionado como opção o senador Marcos Rogério, que atuou como líder da tropa de choque do governo na CPI da Covid e recentemente trocou o DEM pelo PL, partido de Bolsonaro. Marcos Rogério chegou a ser cotado como pré-candidato ao governo de Rondônia, mas a mudança de partido e possibilidade de assumir a liderança esfriaram os planos.
O Senado é considerado um terreno pantanoso para a articulação política do governo. Bolsonaro não conseguiu construir uma base na Casa, o que ficou ainda mais evidente coma CPI da Covid. Pelas contas do Planalto, há apenas 15 aliados entre os 81 senadores.
Para piorar o cenário, o governo está sem líder na Casa desde 15 de dezembro. À época, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) entregou o cargo um dia após perder a concorrência pela vaga do TCU para Anastasia. Abandonado pelo Planalto, Bezerra ficou em último na disputa, com sete votos. Anastasia obteve o apoio de 52 senadores, enquanto a senadora Kátia Abreu (PP-TO), 19.