Título: UFRJ ajuda governo a avaliar o sistema de cota
Autor: Abade, Luciana
Fonte: Jornal do Brasil, 14/05/2008, País, p. A6

A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) fará, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisa sobre o impacto da política de cotas raciais entre os estudantes cotistas e seus familiares. A UFRJ acaba de formar a primeira turma beneficiada pelo sistema.

¿ Precisamos reduzir as desigualdades. Então, temos que tratar de maneira diferente os desiguais ¿ argumentou o ministro Edson Santos, da Seppir, em coletiva de imprensa, ontem, em Brasília.

O ministro reconhece: há polêmica que envolve o sistema de cotas, mas garantiu não haver um conflito entre alunos brancos e negros nas universidades.

Improcedente

Para o subsecretário de Ações Afirmativas da Seppir, Giovaninni Harvey, o argumento de que alunos cotistas não conseguem acompanhar as turmas porque procedem de um ensino básico deficiente não procede.

¿ A vulnerabilidade é social, não intelectual ¿ afirma.

Harvey explica que o sistema de cotas atua na fase classificatória da seleção e não na eliminatória.

¿ Os alunos originários da rede privada de ensino, muitas vezes, saem na frente porque alguns dos seus professores são, também, elaboradores das provas de seleção ¿ argumenta o subsecretário.

¿ As cotas são temporárias. O ideal é uma educação básica de qualidade que permita o acesso de todos à universidade. Mas não dá para esperar por isso ¿ justificou o ministro.

Santos está confiante que o Supremo Tribunal Federal (STF) apoiará a política de cotas. Ele vai amanhã à corte para mostrar a mobilização dos movimentos negros e grupos intelectuais em favor dessa política. Ontem, pela comemoração do 120º aniversário do fim da escravatura no país, o ministro lançou, no Palácio do Planalto, selo comemorativo à data. (L.A.)