Título: Uma nova etapa de desenvolvimento
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 14/05/2008, Opinião, p. A8

Um longo ciclo de inércia, falta de vontade política e frustração parece ter-se encerrado no Rio com o lançamento, na segunda-feira, das bases das obras do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro. O anúncio, feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo governador Sérgio Cabral, simboliza uma nova fase não só de um projeto de vital importância para a região como também da criação de uma infra-estrutura capaz de estimular o desenvolvimento do Estado. São plenamente justificáveis, portanto, os aplausos de empresários e moradores da região beneficiada pelo Arco.

Embora a duplicação da Rio-Teresópolis (BR-116) já tenha sido iniciada, as obras começam oficialmente dentro de 20 dias, com cinco meses de atraso após a previsão inicial. O mais relevante, contudo, é sublinhar que serão de notável magnitude os benefícios trazidos com o Arco, que tem investimento de R$ 1,4 bilhão. O Rio poderá perceber, de imediato, o impacto sobre a logística e o transporte de mercadorias que circulam pelos trechos em questão. Constatará a rapidez permitida ao trânsito. Verá as facilidades incorporadas às multidões de passageiros que precisam encarar viagens intermunicipais para ir da casa ao trabalho.

Sobram razões para comemorar. Ao receber os previstos 35 mil veículos diariamente, a confirmação do projeto aliviará o tráfego da Avenida Brasil, da Ponte Rio-Niterói, do Centro da Cidade do Rio e, conseqüentemente, diminuirá o tempo dos trajetos entre municípios. Além de desassombrar o trânsito, hoje um convite ao estresse, ao atraso e aos prejuízos, a obra ajudará a expandir a capacidade de exportação do Porto de Itaguaí. Com participação do governo do Estado para 10% do montante necessário, o Arco interligará o município de Itaboraí ao Porto de Itaguaí, atravessando a Baixada Fluminense. Serão 145 quilômetros divididos em quatro segmentos. Sob a rubrica do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, o Arco Rodoviário beneficiará moradores da Baixada e do entorno ao cruzar nove de seus 12 municípios.

Além do impacto regional, a obra será determinante para o impulso nacional, uma vez que se encaixa dentro dos projetos estruturais de força vital inquestionável para o Brasil. Economicamente, o Arco é planejado para potencial corredor de exportação, já que contará com sistema integrado de transporte para produtos de alta concentração e grandes volumes, com intuito de agilizar seu escoamento para exportação.

A posição privilegiada do anel entre seis rodovias ¿ BR-101/Sul Rio-Santos, BR-116 Rio-São Paulo, BR-465 Rio-São Paulo antiga, BR-040 Rio-Juiz de Fora, BR-116 Rio-Bahia, BR-101/Norte Rio-Vitória ¿ estrategicamente facilitará o escoamento de cargas.

Importa lembrar, ainda, a relevância que a construção terá para a aceleração da construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, e seu posterior desenvolvimento. A parceria da Petrobras terá investimentos de R$ 15 bilhões na implantação de cinco unidades operacionais para produzir mais de 2 milhões de toneladas anuais de resinas plásticas, especialmente polietileno, polipropileno e PET. Trata-se, como acertadamente classificou o presidente Lula, de "o maior investimento público-privado já feito" no Brasil.

A competência na definição das prioridades certas e a astúcia destinada a encontrar os recursos disponíveis para executá-las configuram atributos imprescindíveis para tirar do papel as obras mais relevantes para o Estado. Assim tem sido feito. A conjugação de esforços entre os governos estadual e federal demonstra que, desta vez, o jejum chegou ao fim. O Arco é um dos bem-vindos alentos. Tem força suficiente para eliminar as más lembranças e fazer o Rio reescrever sua história de desenvolvimento.