O Globo, n 32.308, 20/01/2022. Brasil, p. 10

No carnaval de SP, máscara vai cobrir o quesito da Harmonia
Elisa Martins e Mariana Rosário


Comprovante e vacinação será exigido para passistas e público, de acordo com protocolo sanitário divulgado ontem

As escolas de samba de São Paulo terão de adotar máscaras e comprovante de vacinação para foliões e o público, no desfile no Sambódromo do Anhembi. O protocolo sanitário para os desfiles do carnaval deste ano foi anunciado ontem pela prefeitura, e prevê o adiamento do evento, se o quadro da pandemia da Covid-19 se agravar nas próximas semanas.

Com a mudança, será excluído do julgamento do carnaval deste ano o quesito Harmonia, que avalia se os integrantes das escolas de samba cantam o samba-enredo enquanto desfilam. Mas caberá aos chefes de alas conferirem o uso das máscaras pelos componentes: o uso incorreto poderá levar à perda de pontos no quesito Fantasia.

Entre as diretrizes para a realização dos desfiles em São Paulo estão, ainda, o limite de ocupação máxima de 70% da capacidade de público em todos os setores, incluindo arquibancada, camarotes e pista. Também deverá haver controle de público na concentração e dispersão, recomendações para os ensaios técnicos e encontros nas quadras e pré-cadastro de componentes do desfile com o passaporte da vacina, que será exigido também para foliões e o público.

A Liga das Escolas de Samba informou que, a partir da determinação da prefeitura, vai fazer uma reunião com os presidentes das agremiações para definir como se ajustar aos protocolos. Falta decidir, por exemplo, o tipo de máscara a ser usado, se a proteção será adaptada por cada escola de acordo com a fantasia ou não, e como será feito o controle da obrigatoriedade do item de prevenção contra a Covid.

Vencedora do carnaval de 2020, a Águia de Ouro se antecipou e desde julho planejou fantasias já com máscaras de proteção incorporadas ao figurino.

TECIDO ESTAMPADO

— Tivemos o cuidado de fazer máscaras de acordo com tecido, textura, estampas e colorações das respectivas fantasias, até por uma questão estética também, além da saúde — conta o carnavalesco Sidney França, da Águia de Ouro.

Segundo França, a ideia era fazer algo que não destoasse, sem agredir a estética do figurino, e amenizar o contexto de tensão da pandemia “fantasiando também a máscara”. Ainda não se sabe se as máscaras de tecido personalizadas serão permitidas pela Liga.

— Planejei uma máscara de pano com estampa de fantasia. Poderia ser uma máscara PFF2 por baixo, e a nossa por cima. Mas se determinarem que não poderemos usar máscara customizada de tecido, mas uma padrão, vamos nos adequar a essa regra — afirma França. — O máximo que vai acontecer é não usarmos a máscara que daria beleza no contexto de carnaval. Mas nem tudo é beleza, não é? Vamos cumprir as determinações em nome do bem comum das pessoas que desfilam.

O protocolo vale apenas para a realização dos desfiles das escolas de samba no sambódromo. O carnaval de rua segue cancelado.