O Globo, n 32.309, 21/01/2022. Economia, p. 11
Desigualdade social preocupa ' mais CEOs brasileiros, diz PwC
Carolina Nalin
Pesquisa mostra que no país, 38% citam esse fator, contra 18% na média global
A desigualdade social preocupa duas vezes mais os executivos brasileiros do que o registrado na média global, segundo levantamento da empresa de consultoria e auditoria PwC. De acordo com a pesquisa, 38% dos executivos no país veem a desigualdade social como ameaça ao crescimento da receita. Globalmente, apenas 18% têm essa preocupação.
Para os CEOs brasileiros, a desigualdade social pode impactar negativamente as empresas tanto na venda de produtos e serviços (58%) como na atração e retenção de talentos e competências essenciais (60%).
Carlos Coutinho, sócio da PwC, lembra que a desigualdade social no país é historicamente alta e que a indústria de consumo é a que mais sente os impactos do desequilíbrio do nível de renda.
Em meio à pandemia, inclusive, o aumento do desemprego e a queda da renda do trabalho ao menor patamar histórico elevou a preocupação da população e também a dos executivos, avalia:
— Pressões de renda e instabilidades em relação ao comportamento da macroeconomia implicam incertezas grandes do ponto de vista da indústria de consumo. E a desigualdade social, que se agravou nesse período, fez deslocar mais ainda essa preocupação, que já era alta do Brasil em relação ao global. Coutinho complementa: — Há um fosso grande, do ponto de vista da renda e do consumo, que foi agravado pelo ano de 2020, e o crescimento de 2021 não recuperou essas perdas. Aliado a isso, há um fosso digital que atrapalha a capacidade do indivíduo de baixa renda de se engajar com o futuro. A desigualdade social é um elemento importante.
A instabilidade macroeconômica também é vista como ameaça por 69% dos executivos no país, enquanto no restante do mundo a média chega a 43%. Globalmente, as duas maiores ameaças apontadas pelos CEOs são os riscos cibernéticos (49%) e à saúde (48%).
QUESTÃO AMBIENTAL
O levantamento também mostrou o compromisso das empresas de zera remissões ou neutralizar suas emissões de carbono, tema que faz parte da agenda ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança) e tem ganhado espaço nas corporações.
No Brasil, 27% dos CEOs entrevistados afirmam que suas empresas assumiram compromissos net zero ,enquanto esse percentual é de 22% no mundo. Quando se trata de carbono neutro, os percentuais são de 31% no Brasil e 26% globalmente.
Segundo a pesquisa, as empresas do setor ligado ao consumo estão à frente da média nacional quando se trata da preocupação com as emissões.
Cerca de 34% dos executivos brasileiros do setor de consumo afirmaram ter algum compromisso net zero, e 45% se comprometeram com metas carbono neutro.
Na meta net zero, as atividades na cadeia de valor de uma empresa não têm qualquer impacto líquido sobre as emissões de carbono. Já o carbono neutro é quando a empresa deseja reduzir ou compensar a quantidade de carbono emitido pelo qual ela é diretamente responsável.
A PwC também divulgou recentemente a posição do Brasil no ranking que mostra interesse em fazer negócios com o país. O país caiu da terceira para a décima posição entre 2013 e 2022.
A pesquisa ouviu mais de 4.400 mil executivos em 89 países. Os números globais e regionais do relatório são ponderados de acordo com o PIB dos países, a fim de garantir que as opiniões dos CEOs sejam representadas de maneira equilibrada.