Correio Braziliense, n. 22604, 05/02/2025. Política, p. 4
Copom indica que Selic irá a 14,25%
Fernanda Strickland
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicou, na ata da reunião realizada na semana passada, que deve elevar novamente a taxa básica de juros, a Selic, em um ponto percentual na próxima decisão, marcada para março.
Com isso, a taxa deve alcançar 14,25% ao ano.
O mercado aguardava, no entanto, sinalizações relacionadas à política monetária para os meses seguintes, já que as elevações das duas primeiras reuniões do ano já estavam previstas ainda na gestão do ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto. A reunião da semana passada foi a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido defensor da redução dos juros. A ata não traz pistas sobre decisões futuras.
“O Comitê avaliou que os determinantes de prazo mais curto, como a taxa de câmbio e a inflação corrente, e os determinantes de médio prazo, como o hiato do produto e as expectativas de inflação, seguem exigindo uma política monetária mais contracionista”, descreve o documento do Copom.
O ambiente externo também segue desafiador, especialmente diante da política monetária nos Estados Unidos. “O Comitê acompanhou com atenção os movimentos do câmbio, que tem reagido, notadamente, às notícias fiscais domésticas, às notícias da política econômica norte-americana e ao diferencial de juros”, destaca a ata.
A inflação permanece acima da meta estipulada pelo governo, com projeções de alta para 2025 e 2026, atingindo 5,5% e 4,2%, respectivamente. A elevação dos preço dos alimentos e combustíveis tem sido um dos principais fatores de pressão.
“A alta da gasolina, por exemplo, pode continuar puxando a inflação e elevando o custo logístico dos alimentos”, comenta Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
O aumento dos juros tem impacto direto na economia real, encarecendo o crédito e reduzindo a atividade econômica. Com a Selic elevada, os financiamentos ficam mais caros, o que pode esfriar o consumo e impactar setores como o imobiliário e o automotivo.
Por outro lado, a taxa alta torna os investimentos em renda fixa mais atraentes, o que pode contribuir para a entrada da moeda estrangeira no país.