O Estado de S. Paulo, n. 47964, 11/02/2025. Economia & Negócios, p. B2

Balança de comércio da siderurgia é favorável aos EUA em US$ 3 bi

Ivo Ribeiro

 

 

No comércio de bens da cadeia siderúrgica entre Brasil e Estados Unidos, a balança pesa a favor dos americanos, segundo uma pessoa da diretoria do Instituto Aço Brasil (IAB). A corrente de comércio do setor entre os dois países é favorável aos americanos em mais de US$ 3 bilhões – ou seja, os EUA vendem bem mais aço ao Brasil, do que compram o produto nacional. O País envia principalmente aço semiacabado na maioria e importa carvão metalúrgico (cerca de US$ 1 bilhão), máquinas e equipamentos e outros bens de alto valor agregado.

Ainda assim, a avaliação é de que, se as tarifas de 25% se efetivarem, a siderurgia brasileira, como um todo, será afetada, pois é um grande mercado que se fecha a seus produtos. O Brasil é um dos maiores exportadores de aço do mundo, com 9,6 milhões de toneladas despachadas no ano passado, o que gerou divisas de US$ 7,66 bilhões, conforme dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), compilados pelo IAB.

O aço semiacabado, principal item de exportação do setor, é matéria-prima de muitas siderúrgicas americanas que só fazem produtos laminados, vendidos a vários setores fabricantes de bens como automóveis, eletrodomésticos e máquinas e equipamentos. Por não terem produção própria, recorrem a fornecimento do exterior. O mercado americano movimenta cerca de 100 milhões de toneladas ao ano entre o aço feito localmente e o aço importado.

OUTROS CLIENTES. A ArcelorMittal opera duas usinas de placas no Brasil, com produção livre para exportação de até 6,5 milhões de toneladas ao ano. Desse volume quase 5 milhões vão para os EUA abastecer a usina de laminação de bobinas de Calvert, no Alabama, que é uma joint venture entre a companhia e a Nippon Steel. O restante da produção vai para outros clientes e para usinas do grupo na Europa.

As duas unidades fabris da companhia estão localizadas em Serra, no Espírito Santo, e no Ceará, no complexo industrial e portuário de Pecém. São duas operações estratégicas do grupo, para atender operações próprias no Brasil, Estados Unidos e Europa, além de alguns clientes.

A Ternium tem uma siderúrgica no Rio de Janeiro, adquirida da Thyssenkrupp, onde fabrica placas de aço que atualmente atendem usinas laminadoras do grupo no México e na Argentina, exportando o excedente para outros países, como Estados Unidos. A produção anual fica próxima de 5 milhões de toneladas, mas a avaliação é que atualmente a maioria dos embarques da unidade brasileira é para plantas mexicanas de laminação da Ternium. Segundo analistas, as exportações diretas aos EUA representam cerca 6% dos volumes produzidos pela companhia no México.

A Usiminas, segundo análise do BTG, tem baixo volume de exportação direta para os EUA. Atualmente, seu maior mercado externo é a Argentina. “Ocasionalmente, há alguns embarques para os EUA, mas isso geralmente é mais oportunista”, dizem os analistas, informando que as exportações de aço da empresa representam em torno de 5% das receitas consolidadas. •

Brasil é um dos maiores exportadores de aço, com 9,6 milhões de toneladas e receitas de US$ 7,66 bi.