Título: Bando desvia R$ 10 milhões de bancos
Autor: Leandro Bisa e Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 17/02/2005, Brasília, p. D5

Quadrilha comandada por taxista deu golpe em clientes do Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Caixa Econômica Federal

Os policiais federais que participaram da Operação Clone, ontem, ficaram impressionados com o patrimônio dos quatro homens acusados de desviar cerca de R$ 10 milhões de contas bancárias de mais de 200 pessoas. Renato Prata Silva, que se diz taxista, é apontado como líder da quadrilha. Sua mansão, no Park Way, tem dois andares, piscina, sauna, banheira de hidromassagem e diversas comodidades incompatíveis com a renda de um motorista de táxi. Os 60 policiais que participaram da operação especial passaram a madrugada reunidos na Superintendência da PF no DF, no Setor Policial Sul. Às 6h30, se dividiram em oito equipes e partiram determinados a cumprir sete mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva expedidos pela 12ª Vara da Justiça Federal.

Com exceção de Renato, os demais acusados não resistiram à prisão. O taxista se recusou a abrir o portão e se trancou dentro da mansão. Os policiais federais usaram marretas para derrubar o portão e arrombar a porta. Renato havia acabada de acordar. A polícia apreendeu em sua casa jóias e eletrodomésticos sofisticados, mas o assunto mais comentado entre os agentes foi a piscina com acesso para a sauna.

Na casa de Servio Willhee Rodrigues, no Condomínio RK, em Sobradinho, os agentes federais apreenderam uma caminhonete, um Celta e um Jet sky. Servio, que também possui uma mansão, segundo a PF, é dono de um galpão, que eventualmente é alugado para festas.

Ele é acusado de ser o responsável por levantar as possíveis vítimas da quadrilha e sacar o dinheiro desviado. Com Servio, os policiais encontraram ainda um revólver 38 e uma pistola 22.

O soldado aposentado do Corpo de Bombeiros, Custódio Jerônimo de Oliveira, foi preso em sua casa, também no Park Way, e o ex-funcionário da Caixa Econômica Federal (CEF), Amílquer Lemos dos Santos, em sua casa em Águas Claras. Amilquer, de acordo com a PF, foi demitido do banco por acusado de falcatruas.

- Todos têm patrimônio bem acima do que seus ganhos reais permitem - disse o delegado regional da Polícia Federal, Valmir de Oliveira.

Segundo o delegado, todos acusados têm passagem pela polícia. Ele explicou que o grupo contava com ajuda de funcionários das agências bancárias para ter acesso a informações sobre o número de contas, documentos e até senhas de correntistas. O golpe lesou clientes dos bancos Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e, principalmente, da Caixa Econômica Federal. Com a informação privilegiada, por meio do serviço home banking, que permite realizar movimentações bancárias pela internet, os criminosos transferiam dinheiro para contas alugadas. Depois era só sacar e ir às compras.

O delegado Oliveira afirmou que o grupo integra uma rede de criminosos muito maior, e várias pessoas estão sendo investigadas. A maioria delas, funcionários dos bancos fraudados. No entanto, afirmou Oliveira, não há nenhuma prisão prevista para ocorrer nos próximos dias. A PF pretende reunir mais provas antes de voltar a agir.

Além do DF, também foram fraudados correntistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Ceará. A quadrilha estava sendo investigada há sete meses, porém, vinha agindo há mais de dois anos.