O Globo, n 32.310, 22/01/2022. Economia, p. 17

MERCADO LIVRE ELEVA APOSTA EM TRANSAÇÕES COM CRIPTOMOEDAS
Vitor da Costa*


Empresa compra participação em bitcoin e controladora do mercado Paxos

O mercado livre comprou uma participação no Grupo 2TM, controlador do mercado Bitcoin e da plataforma de infraestrutura blockchain Paxos. Com o negócio, a empresa de e-commerce, que também é dona da fintech Mercado Pago, amplia sua aposta em transações envolvendo moedas digitais. 

Em comunicado, a empresa diz que as contribuições reforçam seu compromisso com o desenvolvimento e uso de ativos digitais e tecnologia blockchain. O valor do negócio não foi informado. 

"As criptomoedas e a tecnologia blockchain representam um fenômeno único, global e coletivo que quebra barreiras e cria um ambiente aberto e nivelado para que todos os consumidores alcancem o empoderamento econômico", André Chaves, vice-presidente sênior de estratégia e desenvolvimento corporativo do Mercado Livre para a América Latina , disse em comunicado.

EXPANSÃO NA AMÉRICA LATINA

A empresa havia firmado parceria com a Paxos em dezembro, o que permitiu ao Mercado Pago oferecer acesso à compra, custódia e venda de criptomoedas, a partir de apenas R$ 1.

Ainda em nota, o vice-presidente executivo de Desenvolvimento Corporativo do grupo 2TM, Daniel Cunha, afirmou que o mercado livre, como grande player nos setores de tecnologia e serviços financeiros da América Latina, "pode ter um impacto significativo no desenvolvimento de criptomoedas e blockchain em para a região."

Para o professor de inovação e empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, a aquisição traz sinergia com as demais atividades do mercado livre ao oferecer um novo meio de pagamento para suas plataformas.

- O mercado Bitcoin é uma empresa que sabe muito sobre toda essa lógica de blockchain, e por trás disso você tem duas coisas que estão surgindo, que são transações baseadas em blockchain e aquela parte de ativos que você pode comprar, mas que só existe digitalmente. Nakagawa disse, referindo-se a tokens não fungíveis (NFTs).

Ele avalia também que a presença de uma empresa do porte do mercado livre pode fortalecer o mercado de criptomoedas na América Latina 

—- Vai dar muito mais muito mais capilaridade, confiabilidade e visibilidade a esse tipo de operação. Faz todo o sentido o mercado livre assumir essa liderança com um parceiro já consolidado e em um mercado que ainda tem muito a crescer. 

O Mercado Livre afirmou que vê iniciativas no universo cripto como avenidas adicionais para melhorar a experiência de seus usuários, inclusive para facilitar o acesso ao sistema financeiro. Segundo Chaves, o objetivo é que "todos possam acessar o mercado de criptomoedas de forma simples e transparente".

Em maio passado, o Mercado Livre anunciou que havia comprado 7,8 milhões em bitcoins para sua tesouraria.

CRYPTOS PERDEM US$ 1 TRI

E por falar em criptomoedas, o bitcoin ontem caiu 11%, para US$ 36,7 mil. Outras criptomoedas também perderam valor, assim como as ações do setor de tecnologia. 

Desde novembro, quando atingiu o pico de quase US$ 69 mil, o bitcoin já perdeu mais de 40%, segundo a Bloomberg. Isso representa uma queda de US$ 570 bilhões em valor de mercado. 

Considerando o conjunto de criptomoedas negociadas, o prejuízo chega a US$ 1,17 trilhão. (*Com agências)