Correio Braziliense, n. 22607, 08/02/2025. Política, p. 2

Manifestação para pressionar por anistia


Valendo-se da crise do Pix e com o mote do impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) organizam uma manifestação para 16 de março como tentativa de mobilizar o Congresso Nacional a colocar em pauta a anistia aos golpistas do 8 de Janeiro.

Acendem as esperanças desse grupo, especialmente, na Câmara dos Deputados, a declaração do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que disse que a invasão à sede dos Três Poderes daquele dia foi “grave”, mas “não um golpe”.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), acredita que os atos em março podem ajudar a trazer o apoio de parlamentares ligados ao Centrão à anistia e fazer a proposição voltar a tramitar. A expectativa, segundo ele, é de ter atos em todas as capitais do Brasil. “Na próxima semana, vou falar com os presidentes estaduais do PL e organizar”, disse.

Ontem, Motta voltou a falar, como afirmou no ano passado, que há penas muito severas para algumas das pessoas julgadas pelo envolvimento no 8 de Janeiro e fez aumentar a confiança de bolsonaristas na Câmara ao negar a possibilidade do golpe. Líder da oposição na Casa, Zucco (PL-RS) é um dos empolgados com a declaração do presidente da Câmara. “A questão da anistia, já nas declarações, a gente vê que há o entendimento de se avançar na Câmara com Hugo Motta”, frisou.

Em 2024, a anistia entrou na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O texto era visto por especialistas como muito amplo e com brechas que poderiam favorecer Bolsonaro.

A proposta foi freada após o ex-presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL) decretar a criação de uma comissão especial para tratar do tema, levando a tramitação a uma fase ainda anterior. A comissão nem iniciou os trabalhos.