Correio Braziliense, n. 22606, 07/02/2025. Política, p. 2

Em evento no Rio, críticas a Castro


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a ausência do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL-RJ), na reinauguração do Hospital Federal de Bonsucesso, na capital carioca. No evento, estava presente o prefeito do Rio e aliado do petista, Eduardo Paes (PSD-RJ).

“O governador foi convidado e não veio, mas ele foi convidado. Não quero saber de que partido é o governador, de que religião ele é, qual time que ele torce, eu quero saber que, bem ou mal, ele foi eleito pelo povo”, afirmou. “Ele foi convidado, como todos os governadores que eu convido, até aqueles que, de forma irresponsável, fazem crítica ao meu governo. Ele poderia vir aqui e fazer discurso de como o estado vai cuidar da questão da saúde.” Castro, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, não costuma comparecer aos eventos em que Lula está. Na agenda do governador carioca, ontem, constavam “despachos internos” e nenhum compromisso fora do Palácio Guanabara.

Paes, por sua vez, elogiou a atuação da gestão Lula na reestruturação dos hospitais federais do estado e comemorou a repaginada na unidade de Bonsucesso. “Essa emergência está fechada desde 2020. Nós estamos, aqui, comemorando a abertura dessa emergência e de três emergências federais no Rio de Janeiro — nos hospitais Andaraí, Cardoso Fontes e, aqui, no Bonsucesso”, disse.

CPI da Covid

Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade — também presente à reinauguração —, relembraram as irregularidades apontadas na CPI da Covid sobre o hospital, que teve forte influência política no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Não é dia de inauguração de nada. O dia de hoje é da recuperação da decência que o povo do Rio sempre mereceu e, muitas vezes, as pessoas se esqueceram de garantir essa decência”, frisou Lula. “Não podemos permitir que político, seja deputado, senador, governador, mande no hospital. Quem tem de mandar são os especialistas da saúde. Isso não é comitê eleitoral de ninguém. Quem quiser voto, vá para a rua pedir. Aqui, as pessoas vêm para serem atendidas com respeito, para trabalhar, e o trabalho tem que ser dignificado com o bom tratamento que as pessoas merecem”, acrescentou.

O governo federal instaurou, no ano passado, o Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais, para tentar conter a crise nas unidades de saúde, que estavam sem equipamentos, estruturas, funcionários e com diversas denúncias de corrupção.

“Nosso Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais já deu certo. Tivemos que quebrar alguns ovos, mas abrimos caminho. Esse hospital não só pegou fogo (em 2020), mas estava nas principais páginas da CPI da Covid porque, no governo anterior, toda situação, que já era precária, se agravou muito mais. Pegamos um hospital abandonado, deteriorado, com servidores desmotivados”, destacou Nísia Trindade. (MS)

Ingerência de políticos

O Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais, que inclui as seis unidades do tipo no Rio, modifica o modelo de gestão e discute a municipalização de alguns hospitais, numa tentativa de reduzir a dinâmica de ingerência de políticos locais na governança dessa parte do sistema de saúde.