Correio Braziliense, n. 22607, 08/02/2025. Cidades, p. 14

Opiniões divididas entre pais de estudantes



Enquanto a nova regra conforta alguns responsáveis, outros posicionam-se contra a medida. A atendente Mikaely Oliveira, 27, moradora do Entorno do DF, na Cidade Ocidental (GO), é mãe de Lorena Oliveira, 5, e avalia que a restrição pode prejudicar a comunicação com a criança. “Eu sou contra, porque muitas vezes a mãe deixa a criança na escola e precisa que ela esteja com o celular para poder se comunicar, não no horário de aula, mas no intervalo. Acho que no momento do intervalo devia ser liberado”, defendeu.

A vendedora Rafaela Menezes, 33, moradora de São Sebastião, também posicionou-se contra a medida. “Entendo que o celular atrapalha as aulas, mas ele ajuda as crianças quando estão passando mal, por exemplo, ou a gravarem e deixarem registrado se, de repente, acontecer alguma coisa, então, penso que a lei atrapalha também, não é somente positiva”, declarou.

O filho, Rafael Menezes, 8, ao contrário da mãe, disse ter gostado da decisão. “Eu prefiro ler pelo livro do que olhando no celular”, disse.

Moradora da Ponte Alta Norte, a autônoma Aldene Patrícia Silva, 56, avó de Emily Luiza da Silva, 10, achou a decisão excelente.

“Escola tem que ser para ensinar a ler e a escrever, e não a usar celular. Isso eles já aprendem em casa. O celular tira a atenção e incentiva coisas que não há necessidade, são muitos aplicativos, redes sociais, não concordo.” A menina já tem um celular, mas contou à reportagem que não costuma levá-lo à escola, além de ser supervisionada pelos pais e pela avó. O avô Domingos Pereira da Silva, 55, concordou com o posicionamento da mulher.

O pedagogo Welton Dias de Lima, professor nos cursos de pedagogia e engenharia de software no Centro Universitário Uniceplac, estuda computação desplugada — abordagem de ensino de computação que não utiliza equipamentos eletrônicos — e explicou que essa é uma forma positiva de ensinar os alunos a desenvolverem o pensamento computacional e crítico sem depender de telas, equilibrando o aprendizado digital com experiências concretas e interativas, evidenciando que dá para explorar a área ainda que sem os dispositivos eletrônicos.

“O principal benefício da medida é evitar o uso indiscriminado dos dispositivos, que pode comprometer a concentração dos estudantes e prejudicar o aprendizado.

Além disso, ao proibir o uso durante o recreio, a norma estimula a interação social e reduz o isolamento causado pelo excesso de telas. Entretanto, a tecnologia não deve ser tratada como vilã. O uso pedagógico precisa ser incentivado de forma estruturada”, apontou.