Correio Braziliense, n. 22609, 10/02/2025. Política, p. 4
Filho de Rubens Paiva critica Hugo Motta
Eduarda Esposito
Marcelo Rubens Paiva, autor do livro Ainda estou aqui, que deu origem ao filme, e filho do ex-deputado federal Rubens Paiva, torturado e assassinado durante a ditadura no Brasil, criticou a entrevista do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos PB), que defende que não houve tentativa de golpe e questionou as penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Novo presidente da Câmara demonstra que o Brasil continuará no atoleiro e nunca alcançará a democracia plena. O desequilíbrio no caso não é das penas, é dele mesmo. Motta diz que 8/1 não foi tentativa de golpe e critica as penas aplicadas pelo STF”, afirmou, nas redes sociais.
Para o autor, as falas de Hugo Motta dizem mais sobre o presidente do que sobre a corte.
Marcelo Rubens Paiva lançou o livro em 2015 e hoje o filme com mesmo título coleciona prêmios pelo mundo e reconhecimento das atrocidades cometidas durante a ditadura.
Lei da anistia
Os comentários de Hugo Motta foram muito bem recebidos pela ala bolsonarista do Congresso. Senadores e deputados tentam obter apoio político para que o projeto de anistia trâmite nas Casas e seja aprovado.
O líder do Partido Liberal (PL) na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou em entrevista na semana passada que a Lei da Anistia é a pauta prioritária da legenda e que vão buscar todos os votos possíveis.
Por enquanto, o partido só pretende votar o texto quando existir o apoio necessário para a aprovação.
“O PL da Anistia terá articulação todos os dias, em todos os momentos enquanto não for votado.
A gente está conversando e dialogando, a melhor forma, o melhor método, ainda tem uma conversa com o presidente Hugo para a gente avaliar. E inicialmente estamos conversando com os demais líderes. Porque o que importa são os votos”, afirmou o líder do PL.
Em outras entrevistas, Hugo Motta afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro não colocou como condição de apoio à presidência da Câmara que Motta apoiasse o projeto.
Entretanto, Bolsonaro pediu para que o republicano não atrapalhasse a sua tramitação.
O presidente da Câmara também já afirmou que “ser do centro não significa a ausência de posicionamento, mas a ausência de preconceitos”. Para Motta, qualquer “boa ideia”, independentemente se veio da direita ou da esquerda, deve ser apoiada pelo bem do Brasil.
Frase
"Novo presidente da Câmara demonstra que o Brasil continuará no atoleiro e nunca alcançará a democracia plena. O desequilíbrio não é das penas, é dele mesmo”
Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que deu origem ao filme