Correio Braziliense, n. 22610, 11/02/2025. Política, p. 4

Motta procura ministros do STF para se explicar
Renato Souza



Após dizer que o Brasil não passou por uma tentativa de golpe de Estado no 8 de Janeiro, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), procurou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para esclarecer a declaração.

Preocupado com a reação dos magistrados da Corte, o parlamentar conversou com Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.

Em entrevista à Rádio Arapuan, de João Pessoa, na semana passada, Motta afirmou que o 8 de Janeiro foi uma ação de vândalos, não de golpistas, e que as penas aplicadas pelo Supremo foram “exageradas”.

A manifestação pública dele provocou mal-estar na mais alta Corte do país — cujo o prédio foi o mais atacado dos Três Poderes.

O plenário do STF teve cadeiras arrancadas, instalação elétrica e hidraulica destruída, e o corpo de segurança foi atacado, além de depredação nas salas do edifício-sede e do gabinete da então presidente do tribunal, ministra Rosa Weber.

Na ligação com os magistrados, o presidente da Câmara esclareceu que estava falando de pessoas que não participaram diretamente dos atentados. Ele ouviu como resposta que o Supremo firmou acordos de não persecução penal e aplicou pena proporcional e consideradas baixas para quem não esteve diretamente atuando nas depredações nem fez parte da organização dos atos e do atentado, de acordo com fontes ouvidas pelo Correio.

Existe na Câmara um projeto de anistia dos extremistas. Porém a avaliação é de que, se colocado em pauta, entra em choque diretamente com o Supremo — na avaliação da Corte, os atos foram graves, e a ausência de punição pode passar o recado de que outros atentados do tipo podem ser osquestrados, sem consequências.