O GLOBO, n 32.310, 22/01/2022. Economia, p. 18
Para as águas do Brasil, leilões de saneamento sobreviverão à eleição
Para Águas do Brasil, leilões de saneamento sobreviverão à eleição
Após vencer, nos últimos dias de 2021, a concessão do Bloco 3 do leilão da Cedae, a Águas do Brasil se prepara para mudar de patamar. O evento, vencido com lance de R$ 2,2 bilhões e ágio de 90%, deve aumentar em 50% o faturamento da empresa, que fechou o ano passado com R$ 1,6 bilhão em faturamento e 15 operações (entre elas Águas De Niterói).
— A expectativa é assinar o contrato em abril e atuar por seis meses de forma assistida. Só em outubro devemos assumir completamente - diz o presidente Claudio Abduche, cujo grupo terá que investir R$ 4,7 bilhões ao longo de 35 anos de contrato.
O bloco abrange 20 municípios cariocas e parte da Zona Oeste da capital, onde a Águas do Brasil já atua por meio da Zona Oeste mais saneamento. Em parceria com a BRK Ambiental, a empresa é a concessionária de esgotamento sanitário nos bairros da região. Na Cedae, a Águas do Brasil terá que desembolsar R$ 1,7 bilhão da bolsa já este ano e começar a contratar 1,4 mil funcionários.
- Estamos em negociação final com os bancos para um empréstimo-ponte. Mas vencemos em dezembro, com juros já lá em cima. Tivemos sorte, nesse sentido. Esperamos que no longo prazo a Selic caia. Se ela se estender por muito tempo em terreno alto, nos machuca. Mas não ficamos surpresos — acrescenta.
A Cedae foi seu primeiro leilão bem sucedido desde a aprovação do novo marco legal do saneamento em meados de 2020. A legislação desencadeou uma série de concessões, como as de Alagoas e Amapá. Mas depois da bonança, a expectativa de Abduche é que 2022 seja de seca, por causa das eleições.
- A única grande concessão prevista para 2022 é a de Porto Alegre, por ser municipal. O resto serão pequenas concessões municipais, cidades de 100 mil, 200 mil habitantes - afirma, acrescentando que a Águas do Brasil deve participar da concessão de Porto Alegre.
Para ele, os leilões de Sergipe e Paraíba devem ser modelados pelo BNDES este ano e ficar para 2023. Eventual mudança na presidência não deve interromper a agenda de concessões, diz:
- A bacia hidrográfica foi o marco do saneamento. Não havia marco legal para fazer as concessões. Isso está aqui para ficar. Independentemente de qual governo entrar, é ele quem vai orientar o setor, que será muito influenciado por esse conjunto de regras.