Correio Braziliense, n. 22611, 12/02/2025. Política, p. 4

Mucio defende soltar “inocentes” do 8/1


O ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, defendeu penas diferentes aos envolvidos no 8 de Janeiro. Para ele, soltar inocentes ou quem teve menor participação ajudaria a “pacificar o país”.

Mucio adotou um tom dúbio ao comentar o episódio — embora tenha usado a palavra “golpe”, evitou cravar que houve uma tentativa de ruptura. “Acho que na hora que você solta um inocente ou uma pessoa que não teve um envolvimento muito grande é uma forma de você pacificar. Este país precisa ser pacificado. Ninguém aguenta mais esse radicalismo. A gente vive atrás de culpados”, disse, no programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira.

Ele falou ainda em deixar o “revanchismo” de lado e lembrou que a decisão sobre uma anistia aos responsáveis pela destruição cabe ao Congresso. Segundo o titular da Defesa, há aqueles que “quebraram uma cadeira” e outros que buscaram um golpe. “Se foi um golpe, quem organizou que pague. E aqueles que tomaram seus ônibus e estavam lá tirando foto do celular? Tinham os que entraram quebrando, os que ficaram do lado de fora. Tem de todo tipo.

Você não pode dar a mesma pena a quem armou, quem financiou, e a uma pessoa que foi lá encher o movimento.” Ao longo da entrevista, Mucio falou sobre a expectativa de identificar os verdadeiros culpados e dissipar a “nuvem de suspeição” sobre as Forças Armadas. “Sou capaz de dizer que quem organizou aquilo (atos golpistas) não foi (a Brasília). Quem desejava aquilo, desistiu, desapareceu. Ficou só aquele enchimento que fez aquele quebra-quebra todo.” Ele também contou que quis deixar o governo, mas ficou após apelos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na semana passada, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o 8/1 não foi golpe, mas uma ação de vândalos. Aliados do governo dispararam críticas ao deputado. Ante a repercussão negativa, Motta ligou para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), onde o caso está sendo julgado, e afirmou que se referia a quem não participou diretamente do ataque.