Valor Econômico, 14/05/2020, Brasil, p. A6

País ainda é um dos mais violentos do mundo, diz OMS

As
sis Moreira


O Brasil continua a se destacar como um dos países mais violentos do mundo e também por ter serviços de saneamento e abastecimento insuficientes, conforme dados divulgados ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Globalmente, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diz que a boa notícia é que as pessoas estão vivendo mais tempo e com melhor saúde. A má notícia é que a taxa de progresso é muito lenta para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da ONU, que visam reduzir pobreza, desigualdade, crise climática, degradação ambiental, além de promover paz e justiça até 2030.

Tedros aponta a pandemia da covid-19 agora como uma das causas de perdas significativas de vidas e ameaça aos avanços e progressos em direção aos objetivos definidos pela ONU. “A pandemia sublinha a urgente necessidade para todos os países investirem em fortes sistemas de saúde e cuidados básicos de saúde.”

A OMS se baseia em dados de 2017, os mais recentes dos seus 190 países-membros, para fazer uma espécie de check-up anual do setor de saúde.

No Brasil, um destaque continua a ser a taxa de mortalidade por homicídio. Era de 31,3 mortes para cada 100 mil pessoas em 2016 e passou para 33,3 mortes em 2017.

A comparação no Brics, grupo dos grandes emergentes, mostra que na China a taxa é de 0,9, na Índia, de 3,9, na Rússia, de 9,1, e na África do Sul, de 39,7. Globalmente, a taxa é de 6,3 mortes por homicídio entre 100 mil habitantes.

Em 2017, mais da metade (51%) da população brasileira não tinha acesso a serviços de saneamento básico gerenciados com segurança, conforme a expressão da OMS. Por outro lado, a densidade de médicos no Brasil era de 21,6 por 10 mil habitantes comparado a 24 nas Américas, na média, e 15,6 na média global. A densidade de enfermeiras e parteiras era de 101,2 por 10 mil habitantes, bem mais que os 37,6 na média global e 83,3 nas Américas.