Correio Braziliense, n. 22613, 14/02/2025. Política, p. 2

Depois do aço, etanol é o alvo dos EUA
Rafaela Gonçalves



O presidente Donald Trump assinou, ontem, um memorando determinando a cobrança de tarifas recíprocas a países que taxam a importação de produtos americanos. Isso representa que não há uma tarifa específica para países específicos, mas uma orientação de impor tarifação proporcional aos países que impõem dificuldades ao comércio com os Estados Unidos.

A medida atinge o etanol brasileiro. Segundo a Casa Branca, a tarifa sobre o combustível é de apenas 2,5%. “Mesmo assim, o Brasil cobra das exportações de etanol dos EUA uma tarifa de 18%. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto os EUA exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”, diz trecho de documento que acompanhou o memorando.

No ano passado, os EUA foram o segundo maior comprador do etanol brasileiro, atrás apenas da Coreia do Sul. Em 2024, importou 309,7 milhões de metros cúbicos, o equivalente a 16,3% do total embarcado — em 2019, esse mesmo volume havia sido de 1,1 bilhão de metros cúbicos, ou 63% do total, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

Os ministros voltaram a dizer que a disposição é de negociar com o governo americano, a exemplo da postura adotada depois que Trump anunciou sobretaxa de 25% para o aço e o alumínio.

“A maneira como estão sendo anunciadas as medidas é confusa. Temos que aguardar para ter uma ideia do que é concreto, do que é efetivo, e levar em consideração. Haddad mencionou ainda que mencionou que o Brasil teve superavit comercial com os Estados Unidos no ano passado. Os EUA têm uma balança superavitária conosco. Não faz sentido complicarmos o que está funcionando bem. A balança é relativamente estável, favorável a eles”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.