Correio Braziliense, n. 22614, 15/02/2025. Cidades, p. 14

Ibaneis enviará reajuste ao Planalto
Adriana Bernardes
Arthur de Souza
Darciane Diogo
José Alburquerque


O governador Ibaneis Rocha (MDB) vai enviar um ofício ao Palácio do Planalto solicitando o reajuste das forças policiais do Distrito Federal. “Devo encaminhar a mensagem ao Planalto até quinta-feira”, revelou.

Na segunda-feira, o chefe do Executivo local vai reunir parlamentares, sindicatos e os comandos das polícias Civil e Militar, além do Corpo de Bombeiros, para fazer o anúncio oficial. O reajuste vai injetar R$ 2,3 bilhões na economia do DF, valor estimado pelo secretário de Economia, Ney Ferraz, para pagar o aumento. Os recursos virão do Fundo Constitucional (FCDF).

O Correio apurou que a intenção do GDF é incorporar o aumento em duas parcelas: uma em 2025, e outra em 2026, com o mês ainda a ser definido. Segundo o presidente da Câmara Legislativa (CLDF), Wellington Luiz (MDB), que é policial civil aposentado, a equiparação da PCDF com a Polícia Federal será alcançada até maio de 2026. “Esse foi um direito arrancado no passado e que, agora, o governador restabelece”, agradeceu o deputado. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), Enoque Venâncio de Freitas, disse à reportagem que o sindicato seguirá acompanhando os trâmites no governo federal para garantir que tudo se concretize dentro dos prazos estipulados.

Líder do bloco Psol/PSB na Câmara Legislativa, o deputado Fábio Felix celebrou a decisão, mas destacou a preocupação sobre como estão as negociações do executivo local com o governo federal. “O governador sabe que quem manda a medida provisória ou o projeto lei para a Câmara dos Deputados é o governo federal. Isso está alinhado lá, houve reunião? Porque se essa articulação não estiver ocorrendo, vai ser uma ação inócua, vai jogar os policiais contra o governo federal e ainda prejudica a categoria”, ponderou.

Mas, no entendimento do deputado Hermeto (MDB), líder do governo, na Câmara Legislativa, não há motivos para se preocupar. “Vamos mandar, e o Lula não tem que interferir em nada não. O dinheiro é nosso”, afirmou. Hermeto explica que os recursos do reajuste estão garantidos no Fundo Constitucional.

“Só não sai (o reajuste) se for uma coisa de perseguição do Lula contra o Ibaneis, se ele estiver de má vontade e não quiser o aumento das forças de segurança”, ressaltou.

Na opinião do senador Izalci Lucas (PL), o governador Ibaneis Rocha nem deveria ter que fazer o pedido para o governo federal.

“Por isso que apresentei a PEC (proposta de emenda à constituição), não só para garantir o Fundo Constitucional, mas para dar autonomia ao governador, para que ele possa fazer concursos e dar aumentos, sempre que preciso.” Sobre a decisão do reajuste, ele comemorou. “Os servidores estão com os salários defasados. Hoje, Brasília está com um dos piores salários das forças de segurança”, pontuou. Só que, de acordo com o parlamentar, o governo federal não concederá esse reajuste tão facilmente.

“Foi o que ocorreu da última vez”, lembrou.

“A repercussão foi extremamente positiva na tropa. Há mais de um ano aguardamos essa negociação.

Ela traz uma recuperação de perdas que a gente vem tendo ao longo dos anos. Não é nenhum céu de brigadeiro, mas, claro, é um incentivo e vai trazer um alívio a toda a comunidade da segurança pública do DF”, comemorou Leonardo Moraes, coronel presidente da Associação dos Oficiais da PMDF.

Moraes diz que é uma pequena vitória. “Como nós somos mantidos e organizados pela União, de acordo com a Constituição, esse processo agora sobe e ainda existem várias rodadas de negociação no Ministério da Justiça, no Gabinete Civil da Presidência, no Ministério da Gestão, para que isso realmente se torne uma realidade e venha a ser efetivado no contracheque do servidor”.

Educação

O anúncio do pedido de reajuste ocorreu durante a inauguração da Escola Pública Integral Bilíngue Libras e Português Escrito do Plano Piloto, ontem, com a presença da ex-primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro. “Eu tenho um amor muito especial pela comunidade surda. Essa escola fazia parte dos nossos sonhos. Nós lutamos muito por ela. Foram inúmeras reuniões”, lembrou Michelle.

“Esta escola pode ser um centro de turismo. Tudo que acontece no DF tem que servir como exemplo para o Brasil. Esse espaço vai receber prefeitos do Brasil inteiro para ver como funciona”, defendeu a senadora Damares Alves (Republicanos).