O GLOBO, n 32.313, 25/01/2022. Economia, p. 12
Sem concluir Angra 3, governo planeja nova usina nuclear para 2031
Antes mesmo da retomada das obras de Angra 3, o governo planeja a construção de uma nova usina nuclear no país, com início de operação prevista para 2031. A instalação da usina consta no Plano Decenal de Energia (PDE), documento que serve de base para o planejamento do setor e que foi colocado em consulta pública ontem pelo Ministério de Minas e Energia.
O governo informa que a usina será construída no Sudeste ou no Centro-Oeste. De acordo com o plano, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), “os atributos de confiabilidade de geração, elevado fator de capacidade e livre de emissões de gases causadores de efeito estufa, concretizam essa tecnologia como opção na matriz elétrica brasileira”.
3% DA MATRIZ ENERGÉTICA
Com duas usinas (Angra 1 e 2, em Angra dos Reis), a energia nuclear responde hoje por menos de 3% da matriz energética brasileira. A previsão oficial é que a nova usina tenha capacidade de gerar 1 gigawatt (GW) de energia, o suficiente para abastecer uma cidade com 1,5 milhão de habitantes.
No PDE, o governo argumenta que o país é privilegiado também na oferta de urânio, combustível necessário para as usinas nucleares, e domina toda a tecnologia do ciclo desde a mineração até a montagem.
Com relação à usina nuclear de Angra 3, de 1,405 GW, a expectativa é que o projeto inicie a operação comercial em novembro de 2026, com a planta em plena capacidade no ano seguinte. A construção de Angra 3 parou depois de denúncias de corrupção e por conta da deterioração do cenário fiscal. Agora, o governo busca parceiros e uma forma de fazer com que a obra seja retomada.
O PDE estima que a capacidade instalada para geração de energia elétrica aumentará 37% nos próximos dez anos, alcançando 275 gigawatts (GW) em 2031, com as fontes eólica e solar ganhando espaço enquanto a hídrica terá sua fatia reduzida amenos de 50%.