O GLOBO, n 32.315, 27/01/2022. Economia, p. 15

Dívida pública sobe 12% para R$ 5,61 tri em 2021



Investimento estrangeiro se recupera após queda histórica em 2020 e chega a US$ 46,4 bilhões

A dívida pública federal subiu 12,1% no ano passado, chegando a R$ 5,61 trilhões, de acordo com dados divulgados pelo Tesouro Nacional ontem. A alta foi de R$ 604 bilhões. O crescimento foi menor do que o registrado em 2020 — quando o endividamento subiu R$ 761 bilhões, para financiar as despesas para combater a pandemia e seus efeitos econômicos. O governo estima que a dívida irá fechar 2022 entre R$ 6 trilhões e R$ 6,4 trilhões.

Em relatório, o Tesouro admite que as incertezas fiscais no segundo semestre de 2021 afetaram a gestão da dívida. Foi quando o governo decidiu enviar ao Congresso uma proposta para limitar o pagamento dos precatórios (despesas decorrentes de decisões judiciais) e bancar o Auxílio Brasil de R$ 400.

Para financiar o novo programa social, vitrine eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, o governo aceitou mudar o cálculo do teto de gastos (impede o crescimento das despesas da União acima da inflação).

“Ao longo do segundo semestre verificou-se o aumento dos riscos fiscais e das incertezas políticas, com a percepção de que o quadro de consolidação fiscal no médio prazo ficou ainda mais desafiador”, afirma o relatório do Tesouro. Já as despesas com a pandemia caíram de R $524 bilhões em 2020 para R$ 109,3 bilhões no ano passado.

Com a inflação acima de 10% e os juros perto disso, aumentou o custo de manutenção da dívida. Após atingir o menor valor da série histórica em fevereiro (7,15% ao ano), o custo voltou a subir, atingindo 8,75% no fim de 2021.

“Os desafios vivenciados pela gestão da dívida pública federal ao longo de 2021 deixam clara a necessidade de se prosseguir com a agenda de reformas fiscais para consolidação de um ambiente macroeconômico favorável à redução do endividamento público”, afirma o relatório do Tesouro.

Já o Investimento Direto no País (IDP) se recuperou em 2021 após resultado historicamente baixo em 2020. Foi de US$ 46,4 bilhões, contra US$ 37,8 bilhões do ano anterior, conforme divulgou ontem o Banco Central. O valor é menor que o de 2019, de US $69,2 bilhões. Este ano, a instituição espera que US$ 55 bilhões entrem no país.