Correio Braziliense, n. 22626, 01/03/2025. Economia, p. 7

Renda média aumenta 9,3%


O rendimento domiciliar per capita cresceu 9,3% em 2024, alcançando a média de R$ 2.069. Esse cálculo é feito dividindo o total de rendimentos das pessoas de uma casa pelo número de moradores.

Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), o valor representa um crescimento acima da inflação acumulada do ano, que foi de 4,83%, indicando um aumento real na renda das famílias brasileiras.

Apesar do avanço, a desigualdade regional ainda se mantém evidente. O Distrito Federal apresentou o maior rendimento médio, de R$ 3.444, enquanto o Maranhão teve o menor, com R$ 1.077 – uma diferença de R$ 2.367, superior ao próprio rendimento médio nacional. O cenário se repete em relação a 2023, quando esses mesmos estados já ocupavam as extremidades da tabela, com o DF registrando R$ 3.357 e o Maranhão, R$ 945.

Desigualdade

Os estados das regiões Norte e Nordeste registraram os menores rendimentos per capita em 2024, enquanto Sul e Sudeste concentraram a maioria das maiores médias salariais. A disparidade entre as unidades da federação evidencia as diferenças estruturais no desenvolvimento econômico do país, que impactam diretamente o acesso a oportunidades e qualidade de vida da população.

Embora o crescimento do rendimento médio seja um indicativo positivo para a economia, a desigualdade entre estados segue como um desafio para o país, reforçando a necessidade de políticas públicas voltadas à redução das disparidades regionais.

Segundo o economista e sociólogo Vinicius do Carmo, o crescimento da renda domiciliar per capita em 2024 acima da inflação representa um aumento real do poder de compra das famílias. “Já que a diferença entre o crescimento da renda (9,3%) e a inflação acumulada (4,83%) resulta em um ganho efetivo para os trabalhadores. Esse fenômeno pode estar associado à redução da taxa de desemprego, que se aproxima da chamada taxa natural de desemprego, levando o mercado de trabalho brasileiro a uma situação próxima do pleno emprego”, afirmou.

Para o economista, as políticas públicas voltadas para a valorização do salário mínimo, bem como estímulos ao consumo e à formalização do emprego, podem ter desempenhado um papel nesse crescimento.

Já o economista, sociólogo e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo, os dados do IBGE confirmam um desempenho acima de 3,5% no ano passado, beneficiando o mercado de trabalho com mais empregos e melhores salários.

“A renda crescente indica maior oferta de emprego e melhoria das condições salariais, o que confirma o desempenho da economia em 2024, muito forte, acima de 3,5%. Isso beneficiou o mercado de trabalho, com a queda do desemprego”, explicou Bergo.

Além da geração de empregos, o economista destaca que o aumento da renda real, superior à inflação, ampliou o poder de compra da população, estimulando o consumo e fortalecendo setores estratégicos. “Quando essa renda cresce, há uma tendência de estimular também o comércio e serviço, como vimos em 2024, foram os segmentos que mais se desenvolveram”, completou.

No entanto, a distribuição de renda segue como um desafio estrutural. O Distrito Federal lidera o ranking de renda per capita, com R$ 3.444, bem acima de São Paulo (R$ 2.600), segundo colocado.