O GLOBO, n 32.315, 27/01/2022. Brasil, p. 11

Reajuste do piso do ensino básico deve ficar em 33%

Jussara Dantas e Dimitrius Dantas


Bolsonaro quer o “máximo possível" para salários de professores, mesmo com preocupação de governadores e prefeitos nas contas públicas com aumento

O presidente Jair Bolsonaro determinou que o Ministério da Educação conceda o “máximo possível” de aumento para o piso de professores do ensino básico. O GLOBO apurou que o reajuste deverá ficar perto dos 33%. A questão opôs o governo federal e governadores e prefeitos, para quem esse aumento irá pressionar as contas de estados e municípios.

Com o reajuste liberado pelo presidente, o piso salarial de professores deverá ir de R$ 2.886 para cerca de R$ 3.800. Mais cedo, a apoiadores, Bolsonaro confirmou que daria o maior reajuste permitido pela lei para o piso, apesar da oposição de governadores.

A equipe econômica estudava um reajuste de 7,5%. O ministro da Economia, Paulo Guedes, não quer vincular o reajuste à recomposição da inflação. A Lei do Piso dos professores, de 2008, vinculava a correção às normas do antigo Fundeb, que foi revogado em 2020.

O novo piso será anunciado na esteira de vetos do presidente Jair Bolsonaro ao orçamento do MEC que devem tirar R$ 402 milhões da educação básica e afetar o programa de transporte escolar, a oferta de ensino integral e a preparação das escolas para o Novo Ensino Médio. A redução total foi de R$ 739,8 milhões.

Segundo levantamento da ONG Todos pela Educação, a aquisição de veículos de transporte escolar perdeu R$ 22 milhões. No orçamento de 2021, o programa teve R$ 770 milhões. O benefício é necessário principalmente em cidades menores, onde estudantes moram longe.

— Precisávamos ampliar os investimentos para atrair as crianças de volta para a escola, o transporte tem um papel importante contra a evasão — diz Lucas Hoogerbrugge, do Todos Pela Educação.