Correio Braziliense, n. 22629, 04/03/2025. Política, p. 2

Aplausos de ministros do STF


Autoridades e entidades comemoraram a consagração do filme Ainda estou aqui, que mostrou ao mundo a história de Eunice Paiva e sua luta pelo reconhecimento de responsabilidade do Estado no sequestro e na morte do marido, o ex-deputado Rubens Paiva. No Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros comemoraram a premiação.

O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, usou as redes sociais e citou o poeta Ferreira Gullar ao comentar a vitória. “’A arte existe porque a vida não basta’. O Oscar recebido por Ainda estou aqui reverencia uma história de resistência e superação que não deve ser esquecida”, escreveu.

Decano do STF, o ministro Gilmar Mendes ressaltou que o Oscar foi conquistado em um momento especial do país. “Celebramos, neste mês, 40 anos de nossa redemocratização! Em 15 de março de 1985, o então vice-presidente José Sarney tomava posse, encerrando duas décadas de ditadura no país”, explicou no X. “O filme, de maneira sensível, retrata os horrores do regime e suas consequências para a vida dos brasileiros. Eunice Paiva, interpretada com brilhantismo pela Fernanda Torres, é símbolo de resiliência e serve para nos lembrar que a luta pela democracia tem que ser constante”, acrescentou.

O ministro Flávio Dino também celebrou o feito, apontando a grandiosidade da cultura brasileira: “Comemoramos essa vitória especial com Walter Salles, Fernanda Torres, Selton Mello e todos os fazedores dessa arte monumental”, disse ele.

Para a presidente da Comissão de Anistia do Brasil, Ana Oliveira, Ainda estou aqui tem um papel pedagógico. “Nós tivemos um período do governo passado em que o processo de anistia foi completamente destruído, os perseguidos políticos foram revitimizados. Agora, iniciamos um novo ciclo, analisando os processos com critério e cuidado”, ressalta. “O filme tirou de debaixo do tapete o debate sobre perseguição política”, completa ela, que aguarda uma ação do Ministério da Educação para incluir nos currículos escolares o que foram essas violações.

A conselheira da Ordem dos Advogados Brasil (OAB) Nacional e especialista em direitos humanos, Silvia Souza, destaca a premiação do filme como uma “vitória” com gosto especial, pois ocorre no momento em que os Estados Unidos e outros países elegeram governos antidemocráticos.

“Isso reflete, de forma importantíssima, no campo dos direitos humanos. Principalmente no contexto atual da política internacional, em que o presidente dos EUA, Donald Trump, anuncia publicamente ofensiva aos direitos humanos de todas as formas”, frisa.