Valor Econômico, 21/05/2020, Política, p. A8

Em alta, taxa de reprovação a Bolsonaro chega a 50%

Ricardo Mendonça


Pesquisa Ipespe feita por encomenda da XP Investimentos mostra que a avaliação negativa do governo atingiu o marco recorde de metade da população. Para exatos 50% dos brasileiros, a gestão do presidente Jair Bolsonaro é ruim ou péssima. A taxa representa uma variação positiva de um ponto em relação ao levantamento anterior, em 30 de abril, e de 11 pontos em relação ao patamar de janeiro (39%). Nos primeiros dias de 2019, início do mandato, a taxa era de 20%.

Na contramão dessa tendência, a aprovação a Bolsonaro cai. Começou com 40% de ótimo ou bom em janeiro de 2019, recuou para 32% um ano depois e continua em declínio. Na pesquisa atual, a taxa de aprovação apurada foi de 25%, dois pontos a menos que o observado em 30 de abril.

A análise sobre os dados segmentados da pesquisa mostra que a maior taxa de aprovação ao governo Bolsonaro ocorre entre os que se declaram evangélicos: 37% deles avaliam a gestão como boa ou ótima. Essa taxa, porém, também apresenta tendência de queda. Era de 44% em 22 de abril e de 41% no fim daquele mês.

O segundo segmento mais bolsonarista, conforme o Ipespe, é o dos eleitores do sexo masculino, com 33% de aprovação - o mesmo patamar da pesquisa anterior. Entre as mulheres, a taxa atual é bem menor, de 18%.

O mesmo levantamento mostra que um número crescente de brasileiros atribui a Bolsonaro a responsabilidade pela situação econômica atual. Hoje, 23% dizem que o presidente é o principal responsável pela crise, a maior taxa desde o início do mandato. Para 25%, a maior parcela da responsabilidade cabe ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; 12% citam Dilma Rousseff; 9%, Michel Temer. Outros 14% atribuem à fatores externos.

Os brasileiros parecem descrentes em relação à política econômica do atual governo. Para 57%, a economia está no caminho errado (recorde na série desde o início do mandato); 28% entendem que está no caminho certo.

O levantamento também investigou impressões da população sobre a pandemia do coronavírus. Constatou que 68% acreditam que “o pior ainda está por vir”. Só 22% acham que “o pior já passou”. Quase um terço (31%) afirma que foi infectado ou conhece alguém que já foi.

O Ipespe fez 1 mil entrevistas telefônicas entre 16 e 18 de maio. A margem de erro é de 3,2 pontos.