O GLOBO, n 32.315, 27/01/2022. Economia, p. 14

Criminosos digitais usam sistema do BC como isca para aplicar golpes

Letycia Cardoso e Gabriel Shinohara


Em tempo recorde, criminosos digitais já desenvolveram um golpe que usa como isca a plataforma criada pelo Banco Central para resgatar quantias remanescentes em contas antigas. Com uma ligação ou mensagem de WhatsApp, o fraudador entra em contato com a vítima e diz que ela tem dinheiro a receber. Para isso, porém, precisa clicar em um link enviado por e-mail ou aplicativo de mensagens.

Thiago Bordini, head de Cyber Threat Intelligence da empresa de segurança digital Axur, diz que já detectou páginas e aplicativos falsos para consultas de valores, criados por golpistas:

— A ideia não é movimentar o saldo das contas, porque o valor que cada indivíduo tem a receber costuma ser irrisório. A vítima é induzida a fornecer informações pessoais: CPF, dados dos bancos, como agência e conta, data de nascimento. E, depois, esses dados são usados para outros golpes.

O especialista em direito digital Antonio Carlos Marques Fernandes diz que as fraudes tentam instigar alguma necessidade momentânea das pessoas e fazer com que elas forneçam suas credenciais, de modo espontâneo, com a prática de engenharia social.

Fernandes diz que os dados são usadas para fazer compras no crediário, acessar o celular da vítima e o Internet Banking.

— O melhor a fazer é não clicar em links desconhecidos, mesmo que enviados por pessoas próximas.

Em nota, o Banco Central declarou que não entra em contato direto com os cidadãos. Qualquer dado sobre valor a receber só pode ser obtido no Sistema de Valores a Receber(SVR), quando ele voltar a ser disponibilizado, a partir da identificação com login e senha. E acrescentou que as transferências são feitas diretamente pelas instituições.