Título: Ibama: Cesar não cumpre acordo
Autor: Thurler, Fernanda
Fonte: Jornal do Brasil, 27/05/2008, Cidade, p. A11

Para superintendente do órgão no Rio, transferência do Corcovado não sairá do papel.

Apesar de o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ter afirmado que vai pensar na possibilidade de transferir a administração do Corcovado para o município do Rio, e o prefeito Cesar Maia ter confirmado interesse na gestão da área, o Ibama garantiu que o projeto dificilmente sairá do campo das idéias. O superintende regional do instituto no Rio, Rogério Rocco, afirmou que a prefeitura não tem condições de cuidar do ordenamento de um dos ponto turísticos mais famosos do mundo porque na gestão compartilhada ¿ que existe entre os governos federal e municipal ¿ o prefeito não cumpre o que é de sua responsabilidade.

Atualmente, há uma dupla de chefes no Corcovado ¿ um nomeado pelo Ibama e outro pela prefeitura. Segundo Rocco, no contrato que regulamenta essa parceria, a prefeitura ficou responsável, entre outras coisas, pela segurança e infra-estrutura do espaço, mas tem deixado a desejar. O número de guardas municipais diminuiu consideravelmente no local.

¿ Dos vinte guardas municipais previstos para atuarem no local, hoje existem apenas seis. O Ibama teve que suprir essa demanda contratando mais vigilantes. Eram sete, e agora são 16 sob responsabilidade do governo federal ¿ atacou o superintendente.

O mesmo problema acontece com os serviços de manutenção das escadas rolantes e dos elevadores.

¿ É o Ibama que faz os reparos desses acessos quando eles param de funcionar. Como o prefeito Cesar Maia diz que tem condições de administrar tudo, se nem a parte dele na gestão compartilhada ele cumpre ¿ questionou Rocco, indignado com a idéia.

O prefeito Cesar Maia garantiu que nunca houve o sistema de gestão compartilhada porque o Ibama nunca permitiu o acordo.

¿ Se eles nomeavam alguém, era uma pessoa que não mandava em nada ¿ criticou.

Confiante, Cesar Maia adiantou alguns projetos que serão implementados caso a transferência seja realmente concretizada.

¿ Vamos investir na defesa da fauna e da flora, vigilância, limpeza e no conforto aos turistas.

Mudança chega ao Congresso

A vontade de transferir a administração do Corcovado para o município já chegou ao Congresso Federal. O deputado federal Otávio Leite (PSDB) fez um projeto de lei ¿ que ainda tramita pelas comissões da Câmara ¿ solicitando a União que autorize a transferência da gestão do monumento do Cristo Redentor e das áreas em torno para a prefeitura do Rio. Com a ressalva de que a área verde da Parque Nacional da Tijuca continue sob comando do governo federal.

¿ O Ibama direcionaria esforços e recursos na fiscalização ambiental da Floresta da Tijuca, para evitar agressões à flora e fauna da região, e a prefeitura teria uma equipe preparada com um programa estruturado para cuidar da conservação do ponto turístico, como a questão do acesso, dos restaurantes e das campanhas direcionadas para atrair os turistas ¿ sugeriu o deputado.

Mas Rogério Rocco garante que esse projeto não vai ser aprovado porque, segundo o superintendente, Maia já tinha tentado a municipalização do espaço através de um projeto de lei do então deputado federal Eduardo Paes ¿ hoje secretário estadual de Esporte, Turismo e Lazer ¿ mas a proposta não foi aprovada.

¿ Acho que o prefeito está mais interessado na renda arrecada com o bilhete dos turistas, R$ 5 milhões por ano, do que em ações concretas para melhorar o ponto turístico ¿ alfinetou.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Hotéis do Rio, Alfredo Lopes, defendeu a alternativa da administração municipal:

¿ O Cristo Redentor é o ícone do turismo no Rio. Acho que, se ficar sob o comando da prefeitura, o parque pode ficar mais bem cuidado porque é o órgão que está mais perto da realidade do complexo. Empresas públicas funcionam, por que no Cristo não poderia?