O GLOBO, n 32.315, 27/01/2022. Economia, p. 15

BC americano sinaliza alta da taxa de juros em março

Vitor da Costa


Apesar da decisão do Fed, Bolsa brasileira fecha com ganho de 0,98%. Dólar sobe 0,14%, a R$ 5,44

A Bolsa brasileira conseguiu se descolar ontem dos mercados americanos e fechou em alta de 0,98%, aos 111.289 pontos, graças a empresas ligadas a commodities. Lá fora, os índices acionários reagiram à decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que sinalizou o aumento da taxa básica de juros dos Estados Unidos já em março.

“Com a inflação bem acima de 2% e um mercado de trabalho forte, o comitê espera que em breve seja apropriado aumentar a meta para a taxa básica de juros”, afirmou o Fed em comunicado. E reiterou que “os riscos para as perspectivas econômicas permanecem, inclusive de novas variantes do vírus”.

No mercado de câmbio brasileiro, o dólar comercial, depois de muita volatilidade, fechou com leve alta de 0,14%, a R$ 5,4421.

Em entrevista coletiva após o comunicado, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a instituição está pronta para aumentar os juros em março:

— O comitê pretende aumentar a taxa básica na reunião de março, se houver condições para isso.

Como esperado, o Fed manteve a taxa básica de juros inalterada, no intervalo entre zero e 0,25%. A autoridade monetária informou ainda que até o início de março vai concluir o programa de compra de ativos.

Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,38%, e o S&P, 0,15%. A Nasdaq teve leve alta, de 0,02%.

Powell disse esperar que a inflação desacelere ao longo do ano, ressaltando que as principais causas para a alta dos preços estão relacionadas à pandemia da Covid-19. Os EUA fecharam 2021 com uma inflação de 7%, a maior em 40 anos. O objetivo do Fed é um índice de 2%.

Para o economista-chefe da Kilima Asset, Luciano Costa, o Fed mostrou-se mais favorável à retirada de estímulos, ou seja, a um aperto monetário, do que o esperado. Ele estima que o Fed se aproxime do patamar de juros considerado neutro, na casa dos 2,5%, em 2024.

Um ambiente de menor liquidez e juros mais altos estimula os investidores a saírem de ativos de maior risco, aí incluídos mercados emergentes, como o Brasil.

Na B3, as ações ordinárias da Petrobras subiram 2,9%, e as preferenciais, 2,7%.