Correio Braziliense, n. 22633, 09/03/2025. Política, p. 4
Lula indica mulher para o STM no 8/3
Israel Medeiros
No Dia Internacional da Mulher, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu o que fez na mesma data em 2007 e indicou uma mulher para o cargo de ministra do Superior Tribunal Militar (STM): a advogada Verônica Abdalla Sterman. Em mais de 200 anos de existência, Verônica será apenas a segunda mulher a ocupar o cargo, caso seu nome seja aprovado pelo Senado Federal. A primeira, a ministra Maria Elizabeth Rocha, também fará história ao ocupar um cargo nunca antes ocupado por uma mulher: assumirá, na quarta-feira, a presidência do tribunal.
O STM é responsável por processar e julgar crimes militares. Ao todo, são 15 ministros, sendo 10 militares e cinco civis. “Tenho certeza de que você e Maria Elizabeth vão mudar a história do STM para melhor. O STM tem a compreensão do que é crime militar e o que é crime comum. Eu acho que vai ser bom para a sociedade brasileira, vai ser bom para o STM e vai ser bom para as mulheres”, disse o petista em um vídeo compartilhado em suas redes sociais.
O presidente fez questão de relembrar que a indicação de Maria Elizabeth também se deu em um 8 de março. Na semana passada, a futura presidente havia feito um apelo público a Lula para que indicasse novamente uma mulher ao cargo. “Eu estou aqui pedindo, clamando ao presidente, que indique uma mulher, para que eu tenha uma companheira ao meu lado que possa, junto comigo, defender as questões de gênero”, disse Maria Elizabeth à CNN em 1º de março. Ela detalhou, na ocasião, que, por ser a única mulher na corte, não é ouvida por seus colegas em diversos momentos.
Lula não mencionou o apelo da ministra ao indicar Verônica ontem. “A ministra que vai assumir a presidência agora, na próxima quarta-feira, foi a primeira mulher desde 1808 — indicada por mim no dia 8 de março de 2007. E você, Verônica, será a segunda mulher indicada para o Superior Tribunal Militar exatamente no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, de 2025”, afirmou.
Ele estava acompanhado da primeira-dama, Janja, e da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), que assume amanhã a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) do governo, responsável pela articulação política com os demais Poderes. O presidente disse que será preciso que Verônica “visite o Senado” e converse com cada senador. Também disse ter certeza de que Gleisi vai ajudar a indicada a conseguir a aprovação dos congressistas. “A cada dia que passa nós vamos mostrar que as mulheres têm que estar onde elas quiserem, como elas quiserem, porque elas não têm que se submeter a ninguém.”
Embora tenha prometido, durante a campanha eleitoral, que trabalharia para dar mais espaço às mulheres no seu governo, as demais indicações de Lula para altos cargos no Judiciário ou com influência nele priorizaram homens. Foi assim com Cristiano Zanin e Flávio Dino, ambos para o STF, embora ele tenha sofrido pressões de aliados para indicar uma mulher. Para a Procuradoria- Geral da República, o chefe do Executivo também preferiu um homem: Paulo Gonet.
Quando o assunto são os ministérios da Esplanada de Lula, o que se observou foi uma tendência de substituir mulheres por homens nas ocasiões em que o presidente foi pressionado a fazer trocas por motivos políticos.
O governo começou com 11 ministras, do total de 37 pastas (ou seja, 29,5% do total). Lula demitiu Ana Moser (Esporte) e Daniela do Waguinho (Turismo) e colocou dois homens do Centrão em seu lugar: André Fufuca (PP-MA) e Celso Sabino (União Brasil-PA). No caso de Daniela do Waguinho, a então ministra chegou a passar por um processo de fritura na imprensa por indícios de ligações com milicianos no Rio de Janeiro, mas o presidente a manteve no cargo. Foi só quando o União Brasil, partido de Daniela, pediu sua substituição em troca de maior apoio no Congresso, que o petista bateu o martelo.
O governo começou com 11 ministras, do total de 37 pastas (ou seja, 29,5% do total). Lula demitiu Ana Moser (Esporte) e Daniela do Waguinho (Turismo) e colocou dois homens do Centrão em seu lugar: André Fufuca (PP-MA) e Celso Sabino (União Brasil-PA). No caso de Daniela do Waguinho, a então ministra chegou a passar por um processo de fritura na imprensa por indícios de ligações com milicianos no Rio de Janeiro, mas o presidente a manteve no cargo. Foi só quando o União Brasil, partido de Daniela, pediu sua substituição em troca de maior apoio no Congresso, que o petista bateu o martelo.
Já no último mês, Lula demitiu Nísia Trindade (Saúde) e convocou o então ministro da SRI, Alexandre Padilha, para ficar em seu lugar. Com a chegada de Gleisi Hoffmann à SRI, no entanto, esta será a primeira vez no governo Lula 3 em que um homem dá lugar a uma mulher no primeiro escalão do governo. Serão, ao todo, nove mulheres ministras, se a atual configuração for mantida, já que ainda não se sabe a extensão da reforma ministerial do presidente.