O Estado de S. Paulo, n. 47993, 12/03/2025. Economia & Negócios, p. B1
Tarifa ao aço entra em vigor e Brasil é um dos mais atingidos
Ivo Ribeiro
A medida terá forte impacto nas siderúrgicas instaladas no País. Cerca de 90% das vendas brasileiras são de material semiacabado, usado como placas nos EUA na fabricação de carros, eletrodomésticos, máquinas e equipamentos.
Em comunicado divulgado ontem, a Casa Branca confirmou que vai adotar a partir de hoje sobretaxa de 25% sobre todas as exportações de aço e alumínio para os EUA – “sem exceções ou isenções”. A medida terá forte impacto nas siderúrgicas instaladas no Brasil.
Cerca de 90% das vendas brasileiras são de material semiacabado (placas). Siderúrgicas nos EUA importam esse tipo de aço e o beneficiam para ser usado depois na fabricação de vários tipos de produtos, como automóveis, bens eletrodomésticos e máquinas e equipamentos.
Por estratégia negocial, as tratativas com o governo americano ficaram a cargo do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, e do ministro de Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira. O setor de aço defende a renovação do atual sistema de cotas de exportação ( mais informações na pág. B2).
O argumento do governo brasileiro é de que o aço semiacabado é matéria-prima de muitas siderúrgicas americanas que só fazem produtos laminados. Assim, deveria ser avaliado como estratégico para o país contar com esse tipo de material do Brasil. Mas há uma forte pressão por parte das três principais siderúrgicas do país: US Steel, Cleveland-Cliffs e Nucor. Contrárias a manter cotas ou isenções para aço importado, elas enviaram carta ao presidente Trump reforçando sua posição na semana passada.
Em evento em Betim (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou Trump. “Não adianta o Trump ficar gritando de lá porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito comigo, que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado”, disse ele. •