O Estado de S. Paulo, n. 47997, 16/03/2025. Política, p. A11

Bolsonaro deve defender anistia e deixar a aliados os ataques ao Supremo
Hugo Henud
Rayanderson Guerra

 

 

Prestes a ser julgado por tentativa de golpe de Estado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve evitar o confronto com os ministros da Corte no ato em prol da anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro em Copacabana e contra o governo Lula hoje. As críticas mais contundentes devem ficar a cargo de aliados, como o pastor Silas Malafaia, um dos mais críticos às decisões recentes do tribunal.

A 1.ª Turma do STF vai decidir se aceita a denúncia e coloca Bolsonaro no banco dos réus no próximo dia 25. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, liberou a denúncia do caso na quinta-feira, dia 13.

O ex-presidente tem sido orientado a adotar cautela ao discursar no ato para evitar reações da Corte e para não interferir na análise da denúncia de golpe. Nas últimas semanas, Bolsonaro tem reforçado com os aliados que o mote dos atos do dia 16 será “Anistia Já”.

Os ataques à sede dos Três Poderes, em Brasília, e as consequentes denúncias aos envolvidos nos atos antidemocráticos fazem parte do pano de fundo da manifestação. A expectativa do entorno do ex-presidente é que ele seja beneficiado com um possível perdão aos réus.

O ex-presidente deve ser o último a discursar no ato marcado para começar às 10 horas. Ele vai dividir o palco de um trio elétrico com o pastor Silas Malafaia, o senador Flávio Bolsonaro (PLRJ), os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Cláudio Castro (PL-RJ).

DISCURSOS. Ao Estadão, Malafaia confirmou que os discursos no ato ficarão a cargo de Bolsonaro, Tarcísio, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer. A exprimeira-dama Michelle Bolsonaro era aguardada para o protesto, mas realizou uma cirurgia nesta semana e não está liberada para atividades do porte de uma manifestação para evitar riscos.

Segundo Malafaia, os aliados de Bolsonaro “serão franqueados a falar o que quiserem”. No entanto, assim como nas manifestações de 2024 no Rio e em São Paulo, as críticas mais duras contra a atuação de Moraes e demais ministros do Supremo devem partir do próprio pastor.

Em discurso no ato de setembro de 2024 na Avenida Paulista, Malafaia chegou a defender o impeachment de Moraes, afirmando que o ministro deveria ser preso. O ato ainda contará com a presença de familiares de alguns dos condenados pelos ataques de 8 de janeiro, que estarão ao lado do presidente no palco do trio elétrico que percorrerá parte da orla de Copacabana.

No dia 13, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que deve apresentar o projeto de lei que anistia os condenados pelos atos golpistas como prioridade do partido na próxima reunião de líderes da Casa, prevista para o próximo dia 20. •