O GLOBO, n 32.318, 30/01/2022. Política, p. 10

Interesse da Universal em Mourão acende alerta de Castro
Thiago Prado


O governador do Rio, Cláudio Castro (PL-RJ), está preocupado não apenas em eliminar a possibilidade do vice-presidente Hamilton Mourão concorrer ao Palácio Guanabara, como de se lançar ao Senado no Rio, onde já há um congestionamento de aliados com o mesmo objetivo. 

Na semana passada, chegou aos ouvidos de Castro notícias sobre um interesse do Republicanos, partido da igreja Universal do Reino de Deus, em Mourão. Até então, o governador achava que poderia neutralizar o PRTB, atual partido de Mourão, nomeando Felipe da Silva Santos, vice-presidente estadual da sigla, para uma Coordenadoria de Educação para o Trânsito do Detran-RJ. 

Mourão candidato a governador pelo Rio atrapalharia Castro por correr na mesma raia que ele em um eleitorado de centro e centro-direita. Mourão candidato a senador pelo Rio atrapalharia Castro por embolar os acordos políticos que o governador fez.

A Universal de Macedo apoia o governador, mas nunca passou pela cabeça de Castro ter um filiado do Republicanos sendo o seu candidato ao Senado.

Mourão tem enviado sinais ambíguos a quem lhe pergunta sobre a entrada na política este ano. Para o próprio Castro, afirmou em um encontro no fim de 2021 que “não tem mais idade” para ser governador do Rio (o vice-presidente, a propósito, tem 68 anos). A missão Senado lhe agrada mais, embora continue dizendo estar indeciso sobre concorrer no Rio ou no Rio Grande do Sul. Até o colégio eleitoral de Brasília entrou no seu radar em conversas recentes. 

Antes de Mourão, Cláudio Castro tem a questão Romário para resolver. O governador está convencido que apenas o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, será capaz de convencêlo a não buscar a reeleição ao Senado.

Como o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), se recusa a apoiar Castro, o desenho de chapa ideal na cabeça do governador hoje seria com o prefeito de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PP), de vice, e o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), para o Senado. Lisboa, contudo, vem resistindo ao movimento. Quer apoiar Lula para presidente e, ao contrário de Reis, não está disposto a largar a cidade no meio do mandato. 

O prefeito de Nova Iguaçu vem tentando emplacar o deputado federal Christino Áureo (PP) como vice de Castro. Por ora, o parlamentar e o governador não se animaram com a ideia.