Correio Braziliense, n. 22637, 13/03/2025. Política, p. 4

Contribuição do transporte


O presidente da Confederação Nacional de Transportes (CNT), Vander Costa, ilustrou algumas possibilidades para a redução de poluentes no setor. Ele destacou, porém, que “não existe bala de prata”, ao comentar a respeito das limitações e complexidades para a consolidação do uso de energia limpa no transporte. Segundo Vander, há possibilidades para a transição energética nos transportes, entre elas o aproveitamento — por alguns segmentos do setor — do gás metano gerado em áreas, como a do agronegócio e da coleta de lixo, por exemplo. Ele também salientou a implementação do Correio Verde, um serviço de transporte sustentável de arquivos e documentos com uso de embalagens recicladas e tintas menos nocivas ao meio ambiente, como acontece em São Paulo e em alguns estados do Nordeste.

Mas “a melhor solução que pode ser feita de maneira imediata para o transporte rodoviário de carga e de passageiros é a renovação da frota”, ressaltou Vander, ao exemplificar que carros modernos poluem 95% menos do que veículos mais antigos. “Na hora que retirar um veículo do ano 2000 de circulação, um caminhão ou um ônibus, e colocar um zero, estou ganhando 95% e isso não é pouco”, destacou. Vander ressaltou que o investimento em infraestrutura — com a pavimentação de rodovias e programas, como o pedágio sem barreiras — podem contribuir para reduzir a emissão de gases poluentes. “O caminhão é o veículo rodoviário que tem a maior emissão de gases. Quando freia e arranca, aumenta a emissão. São soluções simples, mas que trazem resultados”, observou.

De acordo com o presidente da CNT, a entidade solicitará licenças ambientais em rodovias ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para aplicar ações sustentáveis para o meio ambiente. Em 2023, o Brasil produziu mais de 112 milhões de toneladas de emissões de poluentes no transporte de passageiros, e mais de 118 milhões de toneladas no transporte de carga — os maiores números da série histórica desde 1990, conforme dados do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases (SEEG). São Paulo, Minas Gerais e Paraná são os estados que mais geraram poluição no transporte em 2023. O Pará, por outro lado, é uma das unidades da Federação com menor índice de poluição no transporte de carga e de passageiros. Vander ressaltou que levará para a COP30 propostas para melhorar a qualidade do transporte. “(A conferência) é uma oportunidade de mostrar para o mundo que a nossa energia é limpa”.

De acordo com o Instituto de Estatísticas Mundiais de Energia e Clima (Enerdata), o Brasil é o segundo país que mais produz energia limpa (89,3%), atrás apenas da Noruega (98,3%). (DR, AB, MM)