Correio Braziliense, n. 22637, 13/03/2025. Política, p. 4

Transição impulsiona o avanço
Danandra Rocha
Alícia Bernardes
Maiara Marinho


A transição energética pode dobrar o crescimento do Brasil, podendo levá-lo a um avanço de 5% ao ano. A afirmação é pela empresária Patrícia Ellen, head do Lide Tecnologia e cofundadora da Aya Earth Partners. “O Brasil é a única grande nação, nesse contexto geopolítico tenso, que pode transformar esse grande desafio climático em oportunidade econômica”, afirmou. Segundo Ellen, a transição energética não é apenas uma necessidade ambiental, mas um motor de crescimento que pode gerar quase US$ 100 bilhões por ano ao país. Especialista em economia de baixo carbono, ela destacou que o Brasil tem vantagens estratégicas para se consolidar como um centro global de energia renovável, devido à abundância de recursos naturais e às cadeias produtivas sustentáveis. “Hoje, temos 90 milhões de hectares degradados de terra que podem ser recuperados, para que possamos expandir a produção de biocombustíveis sem gerar competição com a produção de alimentos ou impactar áreas de terras florestais”, explicou.

Ellen reforçou que a transição energética é uma oportunidade única para o Brasil acelerar o crescimento econômico e atingir um PIB anual de até 6% — desde que o setor produtivo invista nas áreas estratégicas. Conforme ressaltou, as maiores oportunidades estão na produção de combustíveis sustentáveis de aviação, utilizando-se matérias-primas como macaúba, etanol de milho, cana-de-açúcar e palma.

Conexão de setores

A necessidade de conectar os setores público e privado, além da academia, foi um dos principais pontos levantados por Patrícia Iglecias, professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e superintendente da Ambipar, multinacional brasileira líder global em soluções ambientais. “O presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, lançou, esta semana, uma chamada para uma atuação de grupos. Acho que o foco é realmente esse. Precisamos conectar o setor público, o setor privado e a academia”, enfatizou.

A Ambipar e a USP têm uma parceria com a universidade para pesquisas e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. Segundo Iglecias, o alinhamento entre governo, empresas e universidades é crucial para a implementação de soluções eficazes para o combate às mudanças climáticas. Iglecias destacou, ainda, a importância de regras claras para garantir investimentos no setor ambiental. “Segurança jurídica e governança são essenciais para a descarbonização. Ninguém investe sem regras claras”, advertiu.