O GLOBO, n 32.320, 01/02//2022. Brasil, p. 10

Inep: matrículas em creches caíram 9% entre 2019 e 2021

Renata Mariz


Após aumento gradual, retração na pandemia exclui quase 350 mil crianças

Após aumento gradual nos últimos anos, as matrículas em creche caíram 9% no Brasil entre 2019 e 2021. A queda foi puxada principalmente pela rede privada (21,6%), sem absorção dos alunos pela rede pública, que também teve 2,3% a menos de estudantes no mesmo período. No total, 337 mil crianças deixaram as creches.

Os dados são do Censo Escolar de 2021, anunciados ontem pelo Inep, e deixam o Brasil cada vez mais longe de uma das metas do Plano Nacional de Educação, que prevê atender no mínimo 50% das crianças em creche até 2024.

A taxa de cobertura mais atualizada disponível para o Brasil é de 2019, de apenas 35,6%. Mas a queda na matrícula de 2019 a 2021 indica redução desse atendimento, informou o instituto. O Inep calcula que, para atingir a meta do PNE, será necessário ampliar os atuais 3,4 milhões de alunos em creches para cerca de 5 milhões.

O diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, Carlos Moreno, atribui a redução à Covid-19:

— Até 2019 vínhamos com uma tendência muito positiva da ampliação da oferta de creches no país.

A rede privada abriga nessa etapa escolar três em cada dez alunos no Brasil. São 29,8% em creches particulares. Desse total, 59% frequentam instituições conveniadas com o poder público. A creche é indicada a alunos de até 3 anos de idade.

Na pré-escola, que atende os alunos de 4 e 5 anos, também houve queda, de 6%, nas matrículas de 2019 a 2021. Somente na rede privada, a redução foi de 25%. Na pública, de 0,1%. No total, 315 mil crianças deixaram de frequentar a escola nessa etapa.

A taxa de atendimento no país, em 2019, era de 92,9%. Há dados para a idade de 5 anos, especificamente, mostrando que a cobertura vem caindo e 83,9% em 2021. 

ENSINO FUNDAMENTAL

As matrículas nos anos iniciais do ensino fundamental caíram de 14,7 milhões para 14,5 milhões entre 2020 e 2021. Nos anos finais, houve leve acréscimo, saindo de 11,928 milhões para 11,981 milhões.

Após uma queda em 2020, os índices de alunos do ensino fundamental em tempo integral subiram, mas não no mesmo nível de 2019. No ensino médio, seguindo tendência vista em 2020, houve aumento de 2,9% no número de matrículas em 2021.

No total, a educação básica no Brasil teve queda de 1,3% no número de matrículas, com 46,7 milhões de alunos em 2021.