Título: ONU recebe US$ 775 mi para alimentos
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Fonte: Jornal do Brasil, 24/05/2008, Economia, p. A17
Meta alcançada com doação excepcional da Arábia Saudita no valor de US$ 500 milhões
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou nesta sexta-feira em Roma que obteve recursos de US$ 755 milhões a título de ajuda urgente para suavizar a crise causada pela fome, informou há pouco a entidade da ONU. A cifra foi alcançada com a doação excepcional da Arábia Saudita, de US$ 500 milhões.
Em comunicado, o programa das Nações Unidas informou que "O PMA alcançou seu objetivo de obter US$ 755 milhões para compensar a escalada dos preços dos produtos básicos, em particular dos alimentos e combustíveis, graças ao aporte de US$ 500 milhões feito pela Arábia Saudita".
¿ Pedimos que ajudassem os que passam fome e o mundo foi generoso ¿ declarou a dirigente da entidade, Josette Sheeran.
Os preços dos alimentos experimentaram um rápido aumento por causa, entre outros fatores, do crescimento demográfico, da forte demanda dos países em desenvolvimento, do uso de certos grãos para a fabricação de biocombustíveis e das crescentes inundações e secas motivadas pela mudança climática.
Doação principal
A Arábia Saudita doou US$ 500 milhões para o Programa de Alimentos da Nações Unidas, afirmou ontem o organismo da ONU, como parte dos esforços da entidade para arrecadar fundos para "compensar os aumentos nos custos dos alimentos e do petróleo".
O governo saudita vinha sendo criticado por ainda não ter contribuído para o programa da ONU, depois que a entidade pediu, em março, doação de US$ 755 milhões para continuar operando sem cortar a ajuda. A Arábia Saudita é o principal produtor de petróleo mundial, item que teve alta expressiva nos últimos meses e que é apontado como um dos principais motivos para o aumento nos preços dos alimentos.
Os sauditas produzem 9 milhões de barris de petróleo por dia, segundo a Opep. O barril hoje já é cotado a mais de US$ 130.
Como outros 31 países já haviam doado US$ 460 milhões, a entidade superou a sua meta de arrecadação em cerca de US$ 200 milhões, dinheiro que, segundo ela, irá para outros programas.
¿ A doação saudita vai impedir que muitas pessoas morram e que outras fiquem doentes ou desnutridas e ajudar até mesmo a impedir o início de protestos ¿ afirmou a diretora-executiva do programa, a americana Josette Sheeran.
Segundo Sheeran, o dinheiro arrecadado, além de compensar os custos maiores de alimentos e petróleo, vai permitir que o organismo continue com os programas de alimentação em países da África (como Quênia, Etiópia e Somália) e em outras regiões da mundo.
Doha
O presidente do Conselho Econômico e Social da ONU (Ecosoc), Léo Mérorès, recomendou aos países que tenham maior flexibilidade nas negociações da rodada de desenvolvimento de Doha, já que isso também pode aliviar a atual crise alimentícia mundial.
O Ecosoc encerrou os debates sobre a situação alimentícia mundial com a conclusão de que os países deveriam aproveitar a atual situação de aumento dos preços dos alimentos `para transformar uma situação de ameaça em uma de renascimento agrícola¿".