Título: Busca na casa de Garotinho no Rio durou quatro horas
Autor: Sáles, Felipe
Fonte: Jornal do Brasil, 30/05/2008, Cidade, p. A11

Ex-governador nega apreensão e se diz vítima de perseguição política

Felipe Sáles

Durante mais de quatro horas, sete agentes e um delegado da Polícia Federal vistoriaram a casa de quatro andares do ex-governador Anthony Garotinho em Laranjeiras. Uma mala com diversos documentos foi levada pela PF, segundo Garotinho, contendo até contas de gás e nenhuma prova de envolvimento com a quadrilha armada, como acusa o Ministério Público Federal. Devido a um erro no mandado de busca e apreensão, os agentes chegaram à residência cinco horas depois do previsto ¿ já sendo recebidos pelos advogados do acusado.

No mandado, emitido dia 20, constava a residência de Garotinho no Flamengo, apesar de o ex-governador ter se mudado para Laranjeiras há cerca de dois meses. Um novo mandado teve de ser expedido com o novo endereço, e os policiais só chegaram ao local às 11h30. Às 6h, agentes da PF já tinham feito uma vistoria em sua casa no bairro da Lapa, em Campos, no Norte Fluminense, onde um laptop foi apreendido.

Defesa em rádio e blog

Logo em seguida, o governador deu entrevista a uma rádio e disse estar surpreso, além de ignorar o teor dos processos contra ele na Justiça Federal. Depois da visita da PF à sua casa no Rio, o ex-governador se defendeu em seu blog:

"Não foi apreendido nenhum computador, nenhuma quantia em dinheiro, nenhuma arma, apenas uns poucos objetos de uso pessoal e da minha família. Levaram até a agenda do motorista e uma conta de gás da CEG. A covardia praticada contra minha família não ficará sem resposta. Não há nenhuma prova material de nenhum ilícito que tivesse sido praticado por mim. É política. Tudo política" ¿ escreveu.

Segundo trecho da denúncia, que está sob segredo de Justiça, "as investigações da Operação Gladiador (feita em 2006) deixaram clara a forma pela qual Garotinho, usando seu poder político, buscava influenciar na escolha de delegados para ocupar importantes delegacias, auferindo ganhos políticos e proporcionalmente a seus asseclas".

¿ Garotinho tinha participação direta no esquema. Sem o apoio dele, a quadrilha não se manteria no poder por tanto tempo ¿ acusou o procurador Paulo Fernando Corrêa. ¿ Ele dava o respaldo político, principalmente quando era o secretário de segurança na gestão de Rosinha. Não temos provas da ligação direta com as atividades criminosas, mas temos detalhes do relacionamento dele com a quadrilha.

A ex-governadora Rosinha Garotinho também foi investigada, mas não foi encontrada prova contra ela. O vice-prefeito de Campos, Roberto Henriques (PMDB), foi o único político a ir à casa do casal.

¿ Eu o conheço desde criança e nunca o vi com uma arma na cintura ¿ defendeu